Como construir uma comunicação efetiva de combate à discriminação?

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Tempo de Leitura: 6 Minutos

O combate à discriminação é uma luta em que se engaja toda a sociedade, de indivíduos a grandes instituições.

Sendo um problema de extensão global e causando malefícios a pessoas e empresas, é preciso entender quais as formas mais efetivas de se combater a discriminação nos locais de trabalho.

Neste artigo trataremos sobre o tema, levantando conceitos e questões, e apontaremos possibilidades para a construção de uma comunicação efetiva de combate à discriminação.

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Discriminação no ambiente de trabalho

Estatísticas(1) apontam diferenças importantes da presença de, por exemplo, pessoas negras em setores específicos do mundo do trabalho, diferenças salariais e de posições de liderança, entre outros, que indicam haver um tratamento desigual dispensado a certas raças e etnias.

Quanto à idade, um novo relatório da ONU(2) aponta que pessoas mais velhas, com frequência, ficam em desvantagem no local de trabalho. Além de terem significativamente menos chances de serem contratadas para um novo trabalho.

Em relação ao gênero(3), os números também demonstram as diferenças salariais entre homens e mulheres que têm o mesmo cargo ou função nas organizações. As mulheres costumam ganhar menos (em média 19%).

Há ainda outras formas de discriminação, que atingem pessoas com deficiência, de diferentes religiões ou com diferente história socioeconômica.

Comunicação efetiva: engajamento e inclusão no ambiente de trabalho

A comunicação efetiva é um pilar das boas relações. Numa empresa, a quantidade e variedade de pessoas trazem desafios para cada indivíduo, na medida em que cada um tem de se adaptar ao outro, conviver com as diferenças, e tomar parte nos objetivos do time, que orientam suas ações.

O sucesso do cumprimento das metas e objetivos é intimamente associado à qualidade da comunicação cultivada numa equipe. E por quê? É pela comunicação que as especificidades e os detalhes do planejamento, por exemplo, são transmitidos.

É também através da comunicação que se dá o manejo das relações interpessoais. Desde o “bom dia” até a cobrança de uma tarefa que deveria ter sido entregue ontem.

O formato da comunicação é o que dá o tom das interações. Dependendo da qualidade desse formato, a troca pode se tornar tóxica, desagradável, neutra ou positiva.

Uma comunicação discriminatória pode assumir várias formas(4). É preciso estar atento para que a interação não seja manchada por estereótipos, comentários preconceituosos, expressões pejorativas e pressuposições.

Veja a seguir algumas dicas para construir uma comunicação efetiva de combate à discriminação.

Construindo uma comunicação efetiva de combate à discriminação

Há alguns caminhos para iniciar a construção de uma comunicação efetiva de combate à discriminação. Destacamos três: 

  1. Procure conhecer e entender as diferenças: todas as pessoas com quem interagimos, por mais semelhança que tenhamos, são muito diferentes de nós.

    No ambiente de trabalho e, principalmente ao se comunicar, sempre considere que aqueles indivíduos podem ter vindo de contextos socioeconômicos muito distintos. Podem ter orientação sexual diferente da sua; tiveram experiências de vida peculiares, o que as leva a deter opiniões e visões diferentes sobre várias questões; possuem outra religião ou conjunto de crenças diversos dos seus.

Assumir que alguém tem uma vida, uma vivência, opiniões e compreensões como exatamente como as suas e agir conforme esse preconceito, criará conflitos desnecessários, atritos e constrangimentos..

Assim, procure se lembrar e levar em consideração as diferenças antes de levantar uma questão controversa, fazer um comentário qualquer ou uma pergunta pessoal.

  1. Torne a comunicação abrangente e não específica: Alfred Benjamin, em seu livro A Entrevista de Ajuda, indica que uma das formas de se obter uma comunicação autêntica e livre de pressões e preconceitos é perguntar abertamente.

Desse modo, evite perguntar à sua recém-contratada colega de trabalho algo como: “é seu marido que te busca no trabalho?” — que implicitamente espera que a mulher: 1. seja casada; 2. seja casada com um homem; 3. alguém deve vir buscá-la.

Note que uma mulher não casada ou que tem um relacionamento com uma mulher ou com um namorado, frente à primeira pergunta, teria de explicar: 

“Ah! Não… Sou casada, mas é com uma mulher, e vou costumo ir pra casa de ônibus” 

“Geralmente quem me busca é meu namorado…” 

… Ou não explicaria nada, por constrangimento. Talvez respondesse ansiosamente “sim” ou “não”, tornando a comunicação ineficiente. 

… e quanto mais a resposta está distante da expectativa de quem pergunta, mais constrangedora ela pode ser para alguém que não se encaixa nos padrões sociais normativos.

É muito melhor perguntar: “como você tem ido embora do trabalho?”. Isso permite à pessoa compartilhar livremente o seu sentimento, atendendo, ao mesmo tempo, o objetivo da comunicação.

Portanto, ao perguntar, comentar ou afirmar, deve-se buscar entender como essa comunicação chegará aos ouvidos da outra pessoa, os constrangimentos possíveis que a interação pode causar e tentar abrir a questão para considerar as respostas mais variadas.

  1. Exclua os rótulos depreciativos do seu vocabulário: estamos em 2023. Não cabe mais usar termos depreciativos para caracterizar um grupo, uma classe, uma raça, orientação sexual ou religião. 

Independentemente das suas opiniões e sentimentos quanto a um ou outro aspecto da realidade de outras pessoas, aprenda palavras e terminologias livres de menosprezo e depreciação e procure tratar o outro com uma linguagem respeitosa e digna.

Por isso, evite também a linguagem rica em estereótipos, generalizando características de um ou outro grupo. 

Comunicação e discriminação: o trabalho do RH

Então, considerando as orientações acima citadas, o RH pode incorporá-las em seu próprio trabalho e empreender um esforço educacional para todas as pessoas da empresa.

O RH pode:

  • Ser o exemplo e a inspiração da comunicação efetiva e inclusiva: utilizando, no cotidiano e nas comunicações formais, modos de linguagem mais adequados, tornando o onboarding mais inclusivo e as relações mais saudáveis.
  • Conscientizar e educar: o combate ao preconceito e à discriminação passam necessariamente pelo aprendizado. O RH pode organizar campanhas e treinamentos para que os colaboradores conheçam melhor as diferentes possibilidades de vida humana, entendam o ponto de vista do outro e se tornem mais conscientes do uso de linguagem discriminatória, procurando evitá-la.
  • Comunicar o Código de Conduta: como sempre, contar com a atualização e comunicação do Código de Conduta e Políticas de Integridade para relembrar e firmar os compromissos da organização quanto ao combate de qualquer comportamento discriminatório.
Infográfico: Como um Canal de Denúncias deve funcionar na prática

Conclusão

Por fim, a discriminação ainda se faz muito presente na sociedade. Ainda mais nos locais de trabalho, onde gera efeitos muito prejudiciais para os colaboradores e para a organização.

Boa parte do combate à discriminação se faz pela educação, pela punição aos agressores e pela comunicação efetiva, por exemplo.

Então, trabalhar em uma comunicação livre de expressões pejorativas, pressupostos e estereótipos é um dos caminhos possíveis para tornar a organização mais inclusiva e evitar a discriminação, mesmo sob formas sutis.

Assim, compreender as diferenças, tornar a linguagem mais abrangente e excluir expressões degradantes são três maneiras de iniciar esse trabalho.

Ao RH é indicado o trabalho de conscientização, dar o exemplo e reforçar o Código de Conduta e seu compromisso com o combate à discriminação.

O trabalho com a comunicação tornará a organização mais saudável, mais inclusiva e ainda mais produtiva.

Fontes:

(1) https://onsafety.com.br/discriminacao-racial-no-ambiente-de-trabalho/
(2) https://encurtador.com.br/aiIR2
(3) https://encurtador.com.br/lqrAM
(4) https://encurtador.com.br/yGPW0

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