Diversidade e inclusão: qual o papel de um líder na contratação de colaboradores com deficiência?
As PcDs, sigla para Pessoas com Deficiência, representam uma fatia significativa do mercado de trabalho. Sua contratação é garantida por lei e ainda traz uma série de benefícios para o ambiente organizacional. Neste artigo, você vai entender mais sobre a importância de as empresas contratarem PcDs e qual é o papel dos líderes nesse processo de garantir a diversidade na contratação.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019 – feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) -, quase 8,5% da população brasileira acima de 2 anos vive com algum tipo de deficiência. Isso equivale a cerca de 17,3 milhões de pessoas, grande parte adultos e idosos.
Apesar de representativa, essa parcela da população encontra muitos obstáculos e desafios na hora de entrar no mercado de trabalho. Isso porque ainda existe muito preconceito e desinformação alimentando a exclusão desses profissionais.
Superar a discriminação e a intolerância é essencial para garantir um ambiente de trabalho com diversidade na contratação e inclusão. Para isso, líderes e gestores devem assumir a frente desse processo e trabalhar para garantir a contratação adequada das PcDs no quadro de funcionários da empresa.
O que diz a Lei das Cotas?
A Lei nº 8213/91, de 1991, foi apelidada de Lei das Cotas e estabelece que, no Brasil, uma empresa com 100 ou mais funcionários está obrigada a preencher de 2 a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas com de deficiência. Estas duas categorias incluem:
- Beneficiários reabilitados: pessoas que passaram por um processo de reintegração ao mercado de trabalho.
- Pessoas com deficiências habilitadas: pessoas que possuem ou não certificado ou diploma expedido pelo Ministério da Educação, órgão equivalente ou INSS, desde que estejam capacitadas para exercer a função.
Conheça também sobre nosso Canal de Denúncias.
Quais deficiências se enquadram em PcD?
Além de estipular a contratação de pessoas com deficiência, a legislação brasileira especifica quais são as deficiências que enquadram um profissional na Lei das Cotas.
Segundo o Decreto 5.296/04(1), uma pessoa com deficiência é aquela que possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade e se enquadra nas seguintes categorias:
- Deficiência física: alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções;
- Deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz;
- Deficiência visual: cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores;
- Deficiência mental: funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas;
- Deficiência múltipla: associação de duas ou mais deficiências acima.
Apesar dessa obrigatoriedade legal e de incentivos para que as empresas possuam culturas voltadas à diversidade na contratação de equipes, grande parte das pessoas com deficiência ainda encontra dificuldades para adentrar o mercado de trabalho.
Confira algumas dicas importantes a se considerar no momento de recrutar e contratar profissionais com deficiência.
Como contratar uma pessoa com deficiência
Agora que você já sabe como funciona a legislação trabalhista em relação às PcDs e quem está enquadrado na Lei das Cotas, é importante atentar para alguns cuidados que gestores e recrutadores precisam ter quando estiverem conduzindo um processo de contratação de pessoas com deficiência.
- Utilize a forma adequada de tratamento – As denominações atuais e adequadas para se referir às PcDs são “pessoas com necessidades especiais” ou “pessoa com deficiência”. Evite sempre termos pejorativos ou ofensivos como “excepcionais” ou “deficientes”.
- Tenha “tato” durante a interação interpessoal – Apenas faça perguntas sobre a deficiência do profissional se isso for legítimo e importante para o trabalho. Nunca levante questões com fins discriminatórios.
- Garanta acessibilidade arquitetônica – Tanto para o momento da entrevista – caso esta seja presencial – quanto para o dia a dia de trabalho, é importante que a estrutura física da empresa garanta meios de acessibilidade e locomoção segura para os funcionários.
- Prepare sua equipe – Conduza uma preparação prévia no ambiente interno da empresa para que o profissional com deficiência seja recebido por seus colegas sem preconceitos ou formas distorcidas de enxergá-lo ou referir-se a ele.
- Foque o resultado final – É importante estar aberto a novas formas de trabalhar. Um candidato com deficiência pode precisar de apoio e flexibilidade. Dê prioridade para o que precisa ser feito e para os resultados que é possível alcançar!
Muitas empresas alegam que o processo de contratação de PcDs é difícil, que há baixa atratividade das vagas voltadas a esses profissionais, além de pouca procura das oportunidades.
Na verdade, em muitas empresas o que existe é uma necessidade de adaptação e uma mudança de cultura e de mentalidade de gestores e recrutadores, visto que cabe a eles apoiar a contratação de PcDs e liderar a criação de um ambiente interno favorável e de inclusão.
O papel do líder na promoção da diversidade na contratação na empresa
O apoio da liderança da empresa é essencial para promover a inclusão de PcDs no ambiente de trabalho. Uma vez que essa contratação deve vir juntamente a uma cultura de integração, isso não pode ser alcançado sem um papel ativo dos gestores.
Por isso, cabe aos líderes dar o exemplo e estimular a diversidade e a tolerância dentro da empresa. Os benefícios resultantes desse processo são inúmeros:
- Favorece a eliminação do preconceito
- Cria um ambiente organizacional mais humanizado e tolerante
- Promove a sensibilização da equipe
- Aumenta a capacidade dos colaboradores de se adaptar e integrar a outras realidades
- Estimula a criatividade e a atenção a novas forma de enfrentar desafios
Além disso, também cabe ao gestor mapear as oportunidades dentro da empresa. Muitas vezes existe uma baixa atratividade das vagas em função da qualidade ruim das oportunidades de trabalho voltadas a PcDs.
Em razão disso, é importante que a motivação da contratação não seja apenas guiada pela meta da Lei de Cotas. Deve haver, isso sim, uma análise mais aprofundada de oportunidades e currículos por parte do recrutador, a fim de oferecer aos candidatos chances reais de agregar valor à empresa.
Conclusão
Como vimos, a legislação trabalhista incentiva e até mesmo obriga que empresas contratem pessoas com deficiência, as PcDs. Ainda assim, esse processo precisa ocorrer junto a uma adaptação na cultura e na mentalidade de gestores e colaboradores, de forma que seja efetivo e bem-sucedido.
Promover uma cultura inclusiva e tolerante no ambiente de trabalho é papel essencial de líderes e recrutadores, uma vez que grande parte das PcDs ainda encontra dificuldades para adentrar o mercado, em razão de preconceitos e desinformação.
A diversidade na contratação e a tolerância são aliadas na manutenção da qualidade do ambiente interno empresarial, aumentando a credibilidade entre os colaboradores e gerando um espaço de trabalho mais seguro, confiável e produtivo.
A contratação de PcDs é essencial não apenas por cumprir obrigações legais, mas também por promover um ambiente de trabalho mais diversificado e inclusivo. Essa prática ajuda a eliminar preconceitos, cria uma cultura empresarial mais humanizada e tolerante, aumenta a criatividade e a capacidade dos colaboradores de se adaptar a novas realidades, e demonstra o compromisso da empresa com a responsabilidade social.
Os líderes têm um papel fundamental na promoção da diversidade e inclusão na contratação de PcDs. Eles devem liderar pelo exemplo, estimulando um ambiente de trabalho inclusivo e livre de preconceitos. Isso envolve a preparação da equipe para a chegada de novos colaboradores com deficiência, garantindo acessibilidade e apoio adequados, e focando na capacidade e resultados que esses profissionais podem trazer para a empresa, ao invés de suas limitações.
PcDs frequentemente enfrentam uma série de desafios no mercado de trabalho, incluindo preconceito, desinformação e falta de acessibilidade. Muitas vezes, as vagas oferecidas a esses profissionais não são atraentes ou não oferecem oportunidades reais de desenvolvimento e contribuição. Além disso, existe a dificuldade de integração no ambiente de trabalho devido a barreiras culturais e estruturais, o que requer uma mudança significativa na mentalidade e na cultura organizacional para promover uma verdadeira inclusão.
Fonte:
(1) https://tinyurl.com/4rw2vrwu