Transtornos mentais no trabalho: conceito, escopo e responsabilidades

Transtornos mentais no trabalho
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Tempo de Leitura: 9 Minutos

A ampliação da lista de doenças relacionadas ao trabalho pelo Ministério da Saúde, em 2023, trouxe um alerta claro para os empregadores: os transtornos mentais relacionados ao trabalho precisam ser reconhecidos e geridos como riscos ocupacionais.

Com a inclusão de condições como ansiedade, depressão e burnout, o debate sobre saúde mental passou a integrar o campo normativo da NR-1 (GRO/PGR) e o dever de prevenção das empresas.

As recentes atualizações não surgiram isoladamente. Elas refletem a necessidade de entender a forma como o trabalho é organizado, comunicado e controlado.

Carga mental excessiva, ausência de pausas, metas inalcançáveis e falhas na escuta interna são alguns dos gatilhos mais recorrentes no transtorno mental no trabalho.

Agora, o desafio das organizações é evoluir de ações pontuais para estruturas contínuas de gestão e acolhimento, que conectem a prevenção de riscos psicossociais à escuta ativa de quem vivencia o ambiente de trabalho.

Quer saber mais sobre transtornos mentais no trabalho?

Continue a leitura!

Resumo para quem tem pressa:

  • Os principais quadros de transtornos mentais no trabalho são burnout, depressão, crises de ansiedade e pânico;
  • As causas mais frequentes são sobrecarga de tarefas/funções, metas irrealistas, assédio, baixa autonomia, conflitos interpessoais e falta de conexão com a equipe e/ou organização.
  • Os sinais de alerta que gestores e profissionais de RH/Gente e Gestão devem monitorar nas equipes são: exaustão, insônia, irritabilidade, dores, queda de foco e crises de ansiedade.
  • Uma boa gestão de riscos ocupacionais exige oferta de atendimento clínico, ajustes de trabalho quando necessário, registro constante no PGR e proteção contra retaliação.

A implementação de um Canal de Acolhimento e um Canal de Denúncias é o primeiro passo para garantir que a empresa esteja em conformidade com a NR-1 atualizada. Saiba mais conferindo o artigo de hoje!

O que são os transtornos mentais relacionados ao trabalho?

Os transtornos mentais relacionados ao trabalho são alterações psicológicas ou comportamentais desencadeadas ou agravadas por condições presentes no ambiente laboral.

Os quadros de ansiedade, depressão, estresse crônico, burnout e distúrbios do sono geralmente estão associados à sobrecarga, pressão contínua, falhas de gestão e ausência de suporte emocional no trabalho.

“Segundo a International Stress Management Association (ISMA-BR), o Brasil ocupa o segundo lugar mundial em casos de burnout. Um dado que evidencia o impacto das condições de trabalho na saúde mental em nosso país”, aponta Cris Hohenberger, Chief Marketing Officer da empresa líder em Canais de Denúncias no Brasil, a Contato Seguro.

Fatores de risco psicossociais no trabalho: organização, gestão e relações

Os fatores de risco psicossociais são condições do ambiente e da organização do trabalho que, de forma contínua, podem gerar tensão, estresse e adoecimento mental.

Eles envolvem carga e ritmo excessivos, metas inatingíveis, falta de autonomia, baixa previsibilidade, insegurança no emprego, conflitos interpessoais, assédio moral ou sexual, ausência de reconhecimento e ambientes hostis.

Além disso, a exposição a agentes químicos ou físicos que afetam o sistema nervoso pode intensificar os sintomas no colaborador.

Quando não há equilíbrio entre demandas, recursos e suporte, surgem os contextos propícios para quadros de ansiedade, burnout e outros distúrbios emocionais.

Por isso, a gestão de riscos psicossociais precisa integrar o GRO e o PGR da nova NR-1, com estratégias que combinem ajustes organizacionais, escuta ativa e Canais de Acolhimento acessíveis.

Gestão de riscos psicossociais precisa integrar

Principais transtornos mentais relacionados ao trabalho: definições, causas e sintomas

Os transtornos mentais no trabalho podem surgir quando a rotina profissional ultrapassa os limites de adaptação emocional e física da pessoa.

A seguir, confira as definições, causas e sintomas dos transtornos mais comuns diagnosticados em contextos ocupacionais!

Síndrome de burnout (esgotamento ocupacional)

A síndrome de burnout é o estado de exaustão emocional, física e mental, acompanhado de cinismo e queda de desempenho, decorrente do estresse crônico no trabalho.

As principais causas do burnout ligadas ao trabalho são sobrecarga de atividades, metas inalcançáveis, controle rígido, falta de reconhecimento pelos superiores e conflitos de papel dentro da equipe.

Os sintomas frequentes são:

  • cansaço extremo;
  • irritabilidade;
  • insônia;
  • dores de cabeça;
  • distanciamento afetivo do trabalho;
  • queda de desempenho; e
  • desmotivação.

Segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a síndrome de burnout, uma doença ocupacional reconhecida pela OMS desde 2022.

Depressão relacionada ao trabalho

A depressão relacionada ao trabalho pode ser entendida como um estado de humor deprimido persistente e perda de interesse em atividades, podendo ter nexo direto com as condições do seu ambiente laboral.

Uma empresa com clima organizacional tóxico e práticas recorrentes de discriminação, isolamento e pouca abertura para tomadas de decisões tem maiores chances de apresentar um colaborador diagnosticado com depressão, por exemplo.

Quanto aos sintomas frequentes da depressão relacionada ao trabalho, temos:

  • tristeza;
  • apatia;
  • alterações de sono e apetite;
  • falta de agilidade nos movimentos/pensamento;
  • fadiga;
  • sentimento recorrente de culpa; e
  • pensamentos de inutilidade.

Transtornos de ansiedade relacionados ao trabalho

É o quadro de preocupação excessiva, hiperalerta e tensão contínua, que pode incluir crises de ansiedade e prejuízo funcional.

As causas do transtorno de ansiedade relacionado ao trabalho geralmente são pressão constante para entrega de resultados, prazos curtos, vigilância excessiva e falta de previsibilidade na rotina laboral.

Como sintomas frequentes, os transtornos de ansiedade ligados ao trabalho apresentam:

  • agitação constante;
  • taquicardia;
  • sudorese;
  • tensão muscular;
  • dificuldade de concentração;
  • ruminação (foco intenso e repetitivo em pensamentos negativos); e
  • irritabilidade.

Transtorno do pânico associado ao trabalho

Por definição, o transtorno do pânico associado ao trabalho se refere a crises súbitas de medo intenso acompanhadas de sintomas físicos, associadas a situações ou locais de trabalho.

A exposição repetida a gatilhos estressores e a ausência de suporte emocional dentro das organizações são as causas mais comuns.

Confira a lista de sintomas que costumam ser relatados pelos colaboradores:

  • palpitações;
  • falta de ar;
  • tontura;
  • sensação de perda de controle;
  • agorafobia (medo de viver uma nova crise em locais ou situações associados ao pânico).

E como proteger a sua organização e colaboradores desses cenários complexos? Implementando o Canal de Denúncias e o Canal de Acolhimento da Contato Seguro.

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Encaminhamento e suporte: pessoa trabalhadora e organização empregadora

O enfrentamento dos transtornos mentais relacionados ao trabalho exige uma atuação conjunta entre quem vivencia o sofrimento e quem faz a gestão do ambiente laboral.

Tanto a pessoa trabalhadora quanto a organização têm responsabilidades complementares nesse processo. Na tabela abaixo, veja como isso pode funcionar na prática!

Lembre-se: toda decisão deve ser formalmente registrada, assegurando proteção contra retaliações  e conformidade com as normas de segurança e saúde mental no trabalho.

Direitos e deveres: gestores, áreas de apoio e usuários dos canais de acolhimento

Os Canais de Acolhimento funcionam como espaços de escuta e confiança, mas o seu desempenho depende do respeito mútuo entre quem os utiliza e quem os administra.

Os direitos do usuário estão fundamentados em 3 pilares.

  • Confidencialidade e tratamento respeitoso;
  • Proteção contra retaliações;
  • Acompanhamento e retorno sobre o andamento do caso.

Já os deveres de quem usa os canais são:

  • relatar de boa-fé, descrevendo fatos com clareza, como datas, locais e pessoas envolvidas;
  • preservar evidências relevantes;
  • cooperar com eventuais apurações internas.

Quanto aos gestores e áreas de apoio, suas responsabilidades englobam:

  • acolher relatos sem preconceito ou julgamento;
  • acionar encaminhamentos adequados, conforme cada situação;
  • adequar-se às diretrizes da nr-1 e à portaria mte nº 1.419/2024, que tratam do gerenciamento de riscos ocupacionais (gro) e do programa de gerenciamento de riscos (pgr);
  • implementar controles de clima organizacional;
  • registrar treinamentos e decisões; e
  • manter a rastreabilidade dos atendimentos realizados.

Canal de acolhimento: finalidade, limites e boas práticas

O Canal de Acolhimento orienta sobre sintomas, pausas, carga, conflitos e ajustes de trabalho. É sigiloso e não substitui o diagnóstico de transtornos mentais no trabalho.

A sua função é encaminhar o colaborador para o cuidado clínico e orientar gestores no uso do PGR para registro, quando couber.

A necessidade de implementar um Canal de Acolhimento nas empresas parte de uma visão transparente do mercado de trabalho.

Muitos trabalhadores ainda não se sentem à vontade para falar sobre sua saúde mental, aponta o estudo da People at Work 2023. O relatório revelou que 43% se sentem desamparados e temem julgamentos no trabalho.

Por isso, é fundamental contar com um canal estruturado, confiável e ágil para transformar relatos em dados fáceis de ler.

A Contato Seguro oferece uma solução completa e personalizável de Canal de Acolhimento confidencial, que escuta com empatia, orienta sobre medidas cabíveis e contribui para a melhoria contínua da gestão de pessoas e de riscos ocupacionais.

Peça agora o seu Canal de Acolhimento da Contato Seguro e promova um ambiente de escuta e cuidado real para seus colaboradores!

Canal de Denúncias: escopo, requisitos e fluxo mínimo

Diferente do Canal de Acolhimento, o Canal de Denúncias tem caráter formal e investigativo. A empresa deve utilizá-lo como uma ferramenta confidencial de captação de relatos de:

  • assédio;
  • discriminação;
  • coação;
  • supressão de pausas;
  • manipulação de registros;
  • retaliação; e
  • riscos graves ignorados.

Para que o Canal de Denúncias funcione corretamente, é preciso que se permita o envio de relatos anônimos, a proteção do denunciante e gerar investigação com medidas eficazes e retorno aos envolvidos.

“A Contato Seguro é referência nacional nesse tema, oferecendo plataformas seguras e personalizadas, com fluxo de apuração ético, suporte jurídico e indicadores estratégicos para Gente e Gestão e Segurança do Trabalho”, reforça Hohenberger.

Transtornos mentais no ambiente de trabalho

Adequação à NR-1 (GRO/PGR): gestão de riscos psicossociais

  • Identifique perigos no ambiente de trabalho;
  • Avalie riscos ocupacionais, sejam físicos, químicos, biológicos ou psicossociais;
  • Priorize e execute controles do GRO;
  • Registre no inventário e plano de ação do PGR, com prazos, responsáveis e evidências (atas);
  • Estruture/ajuste treinamentos, políticas de bem-estar e indicadores;
  • Revise cada mudança de processo.

A Contato Seguro apoia empresas na integração entre gestão de riscos psicossociais e o PGR, conforme a Portaria MTE nº 1.419/2024.

Nossa tecnologia e equipe especializada ajudam a transformar relatos em dados estratégicos, fortalecendo a prevenção, a rastreabilidade e o cuidado com as pessoas no ambiente de trabalho.

Como fazer o monitoramento e avaliação dos transtornos mentais relacionados ao trabalho

O monitoramento deve combinar indicadores preditivos (leading) e resultantes (lagging) para identificar precocemente sinais de adoecimento, além de avaliar a efetividade das medidas adotadas. Confira:

  • Indicadores “leading”: análise de clima organizacional, carga de trabalho percebida, uso de pausas, frequência de relatos de acolhimento e denúncias (sem dados sensíveis) e participação em treinamentos;
  • Indicadores “lagging”: absenteísmo, afastamentos médicos, aumento de erros, incidentes, turnover e queixas formais.

A governança deve prever revisões mensais ou trimestrais com a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Assédio) e o SESMT (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho), permitindo ajustar planos de ação, priorizar causas estruturais e revisar políticas preventivas com base em evidências.

Como o RH pode prevenir os transtornos mentais no trabalho?

A área de Gente e Gestão pode liderar as estratégias de prevenção de transtornos mentais no trabalho. Confira as ações fundamentais para reduzir riscos psicossociais e fale com a equipe da Contato Seguro para implementar práticas eficazes de acolhimento e monitoramento!

1) Promova pausas e equilíbrio de carga

Revise escalas, metas e prazos. Estimule pausas curtas e distribua tarefas de modo equilibrado, especialmente em períodos de alta demanda.

2) Treine lideranças para escuta e acolhimento

Invista em capacitações sobre empatia, assédio e comunicação não violenta. Líderes preparados reduzem o medo de retaliação e aumentam a confiança.

3) Estruture canais de escuta e denúncia

Implemente canais validados no mercado, como os da Contato Seguro, que permitem acolher, orientar e registrar situações de risco com segurança e confidencialidade.

4) Monitore e revise periodicamente o PGR

Garanta que as ações preventivas estejam integradas ao Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (NR-1), com foco também nos riscos psicossociais.

O cuidado com a saúde mental no trabalho é uma responsabilidade compartilhada entre líderes, equipes e áreas de apoio.

Desde 2008, a Contato Seguro vem dando suporte a empresas em todas as etapas desse processo: da implementação dos Canais de Acolhimento e Denúncia à integração das informações no PGR.

Nós ajudamos a descomplicar as relações no trabalho, cuidando de quem dá vida às organizações — os colaboradores!

Quer construir um ambiente mais seguro e acolhedor? Converse com nossos especialistas pelo formulário ao lado.

Transtornos mentais relacionados ao trabalho 

O que são transtornos mentais relacionados ao trabalho?

São quadros como burnout, depressão, ansiedade e pânico com nexo de causalidade ou agravamento por fatores ocupacionais. A prevenção exige medidas organizacionais e gestão no PGR (NR-1).

Quais são os principais transtornos mentais relacionados ao trabalho?

Esgotamento ocupacional (burnout), transtornos depressivos, transtornos de ansiedade (inclui pânico), transtornos do sono e, conforme contexto, transtornos por uso de substâncias. O diagnóstico é clínico e individual.

Quais são as doenças mentais incapacitantes para o trabalho?

A incapacidade depende da gravidade do quadro, da função e do ambiente. Exemplos: depressão maior grave, transtorno do pânico incapacitante, transtornos psicóticos, PTSD severo, burnout grave, transtornos por uso de substâncias. Avaliação médica define necessidade e tempo de afastamento.

Quais são as doenças psicossomáticas relacionadas ao trabalho?

Condições com forte componente de estresse: cefaleia tensional, dor musculoesquelética crônica, distúrbios gastrointestinais funcionais como SII/dispepsia funcional, distúrbios do sono e piora de condições dermatológicas. Exigem manejo do estressor ocupacional e cuidado clínico.

Quais são as psicopatologias relacionadas ao trabalho?

Abrangem transtornos de adaptação, depressão, ansiedade/pânico, burnout, PTSD por violência no trabalho e transtornos por uso de substâncias, entre outros. O nexo depende de história ocupacional e avaliação especializada.

Quais são os transtornos mentais mais comuns?

Depressão e transtornos de ansiedade são os mais prevalentes. Em contexto laboral, burnout e distúrbios do sono aparecem com frequência e costumam coexistir com os demais.

Quais são as principais causas ocupacionais de transtornos mentais?

Sobrecarga, metas inatingíveis, assédio, baixa autonomia, conflitos, insegurança no emprego e falta de desconexão. Em alguns setores, a exposição a agentes neurotóxicos agrava quadros.

Quais sintomas de transtornos mentais relacionados ao trabalho exigem atenção imediata?

Exaustão intensa, crises de ansiedade/pânico, alterações marcantes de sono/apetite, ideação de autoagressão, queda abrupta de desempenho e isolamento. Procure avaliação clínica e ajuste de trabalho.

Qual a diferença entre burnout, depressão, ansiedade e síndrome do pânico?

Burnout: esgotamento crônico ocupacional com cinismo e queda de eficácia. Depressão: humor deprimido e anedonia persistentes. Ansiedade: preocupação excessiva e hiperalerta. Pânico: crises súbitas de medo intenso com sintomas físicos.

O que fazer ao suspeitar de transtorno relacionado ao trabalho?

Buscar avaliação clínica, solicitar ajustes de trabalho, registrar riscos no PGR e acionar canais institucionais, como Canal de Acolhimento e Canal de Denúncias.

Como a NR-1 se aplica a riscos psicossociais?

A NR-1 exige identificar, avaliar e controlar riscos no PGR, com inventário e plano de ação evidenciados (treinamentos, políticas, ajustes, atas, indicadores).

Quando usar o canal de acolhimento e quando usar o canal de denúncias?

Use o Canal de Acolhimento para apoio, orientação e encaminhamentos. O Canal de Denúncias é indicado em casos de assédio, coação, supressão de pausas, fraude de registros e retaliação. Ambos devem garantir sigilo e não retaliação ao usuário.

Quais são os direitos e deveres ao usar os canais?

Direitos: confidencialidade, respeito, não retaliação e retorno sobre o caso. Deveres: relatar de boa-fé, preservar evidências e colaborar com apurações. Gestores devem agir sem discriminação e registrar medidas no PGR.

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