NR-1 na Prática: Como Integrar Saúde Mental e Emocional no Ambiente de Trabalho

A imagem mostra um grupo de profissionais em um ambiente corporativo, reunidos em frente a um quadro branco durante uma sessão colaborativa falando sobre saude mental nas empresas.
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Tempo de Leitura: 7 Minutos

Você sabia que 86% dos líderes e 87% dos liderados reconhecem a influência direta da saúde mental e emocional no desempenho profissional? É o que aponta uma pesquisa da The School of Life e Robert Half.

Atualmente, líderes e colaboradores reconhecem a influência direta da saúde mental no desempenho profissional. No campo da segurança e saúde, o tema ganhou um peso ainda maior: o período para adequação às novas exigências da NR-1 (Norma Regulamentadora nº 1) termina em 25 de maio de 2026.

Atualizada pela Portaria MTE nº 1.419/2024, a norma agora traz diretrizes claras sobre identificação, prevenção e correção de riscos psicossociais. Neste artigo, você vai entender como sua empresa pode se adaptar às mudanças obrigatórias e proteger seu negócio e suas pessoas.

RESUMO DO CONTEÚDO

  • A NR-1 exige a avaliação de riscos psicossociais no PGR, com vigência plena a partir de 26/05/2026;
  • Riscos psicossociais: fatores ambientais e organizacionais, como pressão excessiva, assédio, falta de autonomia e isolamento;
  • A avaliação participativa é uma exigência legal e a empresa deve fazer sua parte para envolver os colaboradores no mapeamento;
  • As multas por não conformidade da NR-1 variam entre R$ 402,53 e R$ 6.708,59 por infração, podendo aumentar em casos de reincidência;
  • A adequação exige integração entre SESMT, CIPAA e gestores;
  • O processo é contínuo e preventivo, não se resumindo a preencher formulários burocráticos.

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O que é atenção à saúde mental e emocional na NR-1?

A atenção à saúde mental e emocional na NR-1 se refere ao gerenciamento técnico dos riscos presentes na organização do trabalho que podem gerar adoecimento psíquico. A identificação e controle de sobrecarga, assédio ou liderança tóxica devem constar no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).

Um levantamento realizado pela The School of Life, em parceria com a Robert Half, aponta que a maioria dos entrevistados (45%) acredita que as empresas são muito responsáveis pela felicidade dos seus colaboradores no trabalho.

Por que a NR-1 agora exige cuidados com a saúde emocional?

A atenção à saúde mental no trabalho se tornou exigência normativa devido à explosão de casos de adoecimento que impactam a produtividade e a previdência social.

Além disso, com o Burnout classificado como doença ocupacional desde janeiro de 2022, a pressão jurídica e regulatória exige ação imediata.

Vale lembrar que a Lei 14.457/22 já obrigava empresas com CIPA a manter Canais de Denúncias para assédio. A NR-1 atualizada avança ao obrigar uma avaliação estruturada e preventiva.

O objetivo central deste processo é a Gestão de Riscos Psicossociais. Não se trata de uma avaliação individual de saúde mental, mas sim de detectar e neutralizar fatores adoecedores presentes nas condições de trabalho, prevenindo lesões e agravos.

O que caracteriza um risco psicossocial que a NR-1 exige identificar?

Um risco psicossocial é qualquer aspecto da concepção, organização e gestão do trabalho, bem como seus contextos sociais e ambientais, que tem o potencial de causar danos psicológicos, sociais ou físicos ao trabalhador.

A NR-1 não estabelece uma lista de exemplos, mas o “Guia de informações sobre os Fatores de Riscos Psicossociais Relacionados ao Trabalho” (2025), do Ministério do Trabalho e Emprego, destaca 13 fatores principais:

  1. assédio de qualquer natureza no trabalho;
  2. má gestão de mudanças organizacionais;
  3. baixa clareza de papel ou função;
  4. baixas recompensas e reconhecimento;
  5. falta de suporte ou apoio no trabalho;
  6. baixo controle no trabalho ou falta de autonomia;
  7. baixa justiça organizacional;
  8. eventos violentos ou traumáticos;
  9. baixa demanda no trabalho (subcarga);
  10. excesso de demandas no trabalho (sobrecarga);
  11. maus relacionamentos no local de trabalho;
  12. trabalho em condições de difícil comunicação;
  13. trabalho remoto e isolado.

Como a empresa deve avaliar riscos psicossociais de acordo com a NR-1?

Para realizar a gestão e avaliar riscos psicossociais no âmbito do GRO (Gerenciamento de Riscos Ocupacionais), é preciso utilizar as disposições da NR-1 de forma combinada com a NR-17.

A avaliação segue uma metodologia participativa e não é responsabilidade exclusiva do RH ou SESMT. A gestão deve envolver toda a organização em 6 etapas práticas:

  1. Diagnóstico inicial: revisão de documentos (atestados, afastamentos, pesquisas de clima) e entrevistas com SESMT, gestores e CIPAA;
  2. Identificação participativa: realização de rodas de conversa em pequenos grupos e aplicação de surveys (pesquisas) anônimas para mapear a percepção dos colaboradores;
  3. Avaliação estruturada: análise das respostas, categorização dos riscos por departamento ou função e atribuição de prioridade (alto, médio ou baixo);
  4. Integração ao PGR: documentação formal dos riscos identificados, designação de responsáveis e definição de prazos para controle;
  5. Comunicação e ação: apresentação dos resultados à empresa e implementação das primeiras ações de controle (ajustes de processos, canais de apoio, treinamentos);
  6. Revisão periódica: monitoramento de indicadores como absenteísmo, turnover e novos relatos, com revisão do PGR a cada semestre.

Qual é a diferença entre avaliar riscos psicossociais e “psicologizar” a empresa?

A NR-1 exige o mapeamento estruturado de riscos presente no ambiente de trabalho. Não há qualquer menção à identificação de diagnósticos de transtornos mentais individuais dos colaboradores.

Uma confusão comum é a empresa contratar psicólogos para fazer acompanhamento terapêutico ou avaliar a saúde mental geral dos times sem mexer na estrutura. 

Se, por exemplo, uma empresa mapeia “falta de reconhecimento” como um risco ambiental, uma abordagem incorreta seria tratar a frustração individualmente. Em vez disso, é possível implementar um programa de feedback e bônus. O resultado é menos adoecimento, sem a necessidade de diagnosticar ou expor indivíduos.

Como a avaliação participativa deve incluir colaboradores?

A avaliação participativa é o mecanismo que assegura que a voz de quem executa o trabalho seja considerada na identificação dos riscos. Para ser efetiva e segura, ela deve seguir alguns critérios, como:

  • rodas de conversa realizadas em pequenos grupos;
  • questionários digitais que garantem o sigilo das respostas;
  • entrevistas separadas para não inibir a equipe;
  • análise de dados, como absenteísmo por departamento, turnover e solicitações de transferência;
  • privacidade rigorosa para evitar a “delação” ou exposição de colaboradores específicos;
  • transparência nos resultados globais à empresa, explicando que a fala franca resulta em proteção e melhoria, nunca em punição.

Quais são os riscos jurídicos se a empresa NÃO realizar a avaliação conforme NR-1?

A empresa que não apresentar a avaliação de riscos psicossociais no PGR estará produzindo provas contra si mesma em caso de fiscalização ou litígio.

As consequências imediatas são:

  • multa regulatória, com valores que variam de aproximadamente R$ 4.386 a R$ 6.708 por infração, podendo aumentar significativamente em casos de reincidência ou gravidade;
  • processo trabalhista individual alegando nexo causal entre o trabalho e a doença;
  • ação coletiva pelo Ministério Público do Trabalho (MPT);
  • negligência ou dolo eventual, se a empresa já tinha ciência do risco (via relatos no Canal de Denúncias ou RH) e optou por não incluí-lo no PGR;
  • dano reputacional, prejudicando a marca empregadora de atrair e reter talentos qualificados;
  • perda de produtividade, gerando custos operacionais muito superiores ao investimento na prevenção.

Como integrar avaliação de riscos psicossociais ao PGR?

A integração da avaliação de riscos psicossociais ao PGR é uma parte estrutural do documento. É necessário transformar percepções subjetivas em dados gerenciáveis para garantir a conformidade técnica exigida pela NR-1.

Para uma integração efetiva, siga esta estrutura:

  • Crie um capítulo específico intitulado “Riscos Psicossociais Identificados”, contendo uma tabela clara com: Risco | Departamento | Severidade | Controle Implementado | Responsável;
  • Liste os riscos específicos por departamento ou grupo homogêneo de exposição (ex: “Setor de Vendas – Risco: Pressão excessiva por metas inatingíveis”);
  • Para cada risco, descreva a ação mitigadora (ex: “Revisão da política de metas” ou “Treinamento de liderança não-violenta”);
  • Defina KPIs claros para acompanhar a eficácia, como taxa de turnover voluntário ou número de licenças psiquiátricas;
  • Designe um “responsável” para cada risco (geralmente um gestor da área em parceria com o RH);
  • Realize reuniões semestrais entre CIPAA, SESMT e RH para revisar a matriz de risco e ajustar os controles que não estiverem funcionando;
  • Se um novo risco for identificado via Canal de Acolhimento ou pesquisa de clima, ele deve ser adicionado ao PGR dentro de 30 dias.

Qual é o prazo de conformidade para a NR-1 atualizada?

A vigência oficial para a conformidade plena com a NR-1 2025 (atualizada) é 26 de maio de 2026. Atualmente, vivemos um período educativo, onde não há aplicação de multas por atraso na avaliação psicossocial específica.

No entanto, deixar para a última hora é um erro estratégico. Implementar agora oferece uma vantagem competitiva imediata, pois torna a empresa mais segura, reduz afastamentos preventivamente e melhora o clima organizacional antes da obrigatoriedade punitiva da norma.

Qual é o papel de RH, SESMT e CIPA na avaliação?

A integração é a chave para que o PGR reflita a realidade e proteja a empresa, considerando que a gestão de fatores psicossociais é multidisciplinar.

Confira as responsabilidades do RH, SESMT e da CIPA na tabela abaixo:

Cenários que revelam falta de avaliação de riscos psicossociais

Muitas vezes, a empresa acredita erroneamente estar em dia com suas obrigações. Por isso, identificar cenários críticos é um passo necessário para evitar passivos trabalhistas decorrentes da falta de avaliação adequada.

Como começar a implementação?

A implementação da avaliação de riscos psicossociais não precisa ser um investimento alto ou burocrático. Um plano de ação estruturado reduz barreiras e permite que mesmo pequenas e médias empresas (PMEs) iniciem a conformidade hoje.

  • Diagnóstico: Comece ouvindo. Rode uma pesquisa de clima focada em fatores de estresse;
  • Mapeamento: Cruze os dados da pesquisa com os atestados médicos. Onde está o problema?
  • Documentação: Insira os riscos identificados no PGR com a ajuda do SESMT;
  • Canal de Acolhimento da Contato Seguro: Ofereça um meio seguro para que novos riscos cheguem até você.

Para cumprir a NR-1 com excelência e oferecer suporte real aos seus colaboradores, a tecnologia é sua maior aliada.

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