Uma rápida pesquisa na Internet indica a retaliação profissional ser um revide com dano igual ao sofrido. É uma ofensa, agressão, represália, vingança ou ato hostil por conta de uma motivação qualquer.
É provável ser um processo consciente, embora possa ocorrer também involuntariamente.
No ambiente corporativo, a retaliação quase sempre é cometida de modo dissimulado, na tentativa de esconder o ato.
Formas de retaliação
Um superior, por exemplo, pode retaliar um subordinado por meio de múltiplas formas, tais como:
- Atribuindo à vítima metas mais desafiadoras do que para os demais colegas.
- Dando para ela a tarefa mais difícil, mais complexa, mais desagradável, mais irrelevante, mais arriscada ou menos atrativa.
- Fazendo comentários pejorativos, ridicularizando-a na frente dos outros ou chamando a sua atenção de maneira injustificada.
- Evitando o relacionamento pessoal, não concedendo espaço para ela se expressar ou argumentar.
- Sendo rigoroso em demasia na avaliação de suas atitudes, dos seus resultados, das suas decisões.
- Agindo com desonestidade em prejuízo à sua carreira (privando-a de uma promoção, de uma premiação, de uma função ou um cargo mais atrativo, de um curso de capacitação, de uma viagem ao exterior, de participação numa reunião importante, dentre inúmeras outras situações).
- Aplicando sanções injustificadas, transferindo este profissional para uma localidade supostamente pior, até promovendo a sua demissão.
Já um colega ou um grupo deles pode retaliar alguém de vários modos:
- Evitando o contato no cotidiano.
- Deixando de o convidar para o almoço, happy hour, festas.
- Excluindo-o de trabalhos em equipe.
- Fazendo bullying, assédio moral, discriminação.
- Usando diversas outras investidas de caráter vingativo.
Os exemplos citados são atitudes hostis, agressivas, injustas, provocadoras, antipáticas, desrespeitosas, rudes. Às vezes, a retaliação pode até se confundir com assédio moral, discriminação e, seja como for, ela é perniciosa e deve ser combatida.
Uma empresa interessada em ser ética e íntegra tem a obrigação de adotar medidas para evitar retaliação de qualquer natureza. Algumas dicas para combater esse mal serão dadas mais adiante. Mas, agora, vale entender as causas e os tipos de retaliação mais comuns.
Quando ocorre?
Existem vários cenários para a retaliação acontecer. A seguir, vamos descrever alguns, ilustrando com situações usuais numa instituição, sem a pretensão, é claro, de esgotar a matéria.
Retaliação envolvendo destaque profissional
Um funcionário pode se sobressair no trabalho por meio de diversas formas: executar um projeto de maneira marcante; realizar um processo com resultados espetaculares; obter negócios ou contratos significativos com clientes; conseguir alcance de metas e/ou objetivos relevantes para a sua área ou para toda a companhia; desenvolver, criar ou inovar produtos, serviços ou processos de grande impacto; etc.
Elogios em público, referências vindas da chefia ou do alto escalão, citação como exemplos a ser seguido e oferecimento de prêmio e promoção são consequências habituais de tal desempenho, até compreensíveis e bastante merecidas. Entretanto, surge aqui um grande potencial de render efeitos negativos.
A pessoa em destaque pode gerar inveja nos colegas. E, nos superiores, principalmente nos inseguros e incompetentes, há a possibilidade de causar receios, imaginando que o seu subordinado pode ameaçar a sua posição ou o seu cargo na organização.
Enfim, o funcionário que se distinguiu passa a correr risco de sofrer retaliação.
Interessante observar que, nessas ilustrações, inexiste uma agressão primária merecedora de revide. A retaliação é fruto de possível inveja, ciúme ou sentimento de injustiça (quer dizer, a existência de sensações equivalentes a: “Ele foi elogiado? No entanto, eu sou muito melhor e não recebi nada”).
Retaliação envolvendo questões pessoais
De forma análoga, o ser humano pode encontrar inúmeros motivos para sustentar a inveja de alguém de sua convivência, como: situação financeira vantajosa; capacidade excepcional no esporte ou nas artes; beleza física ou característica passível de realce; habilidade incomum, como domínio de idiomas estrangeiros, instrumentos musicais ou matemática; uma viagem especial, um curso ou faculdade com visibilidade; a posse ou aquisição de um carro novo, um sapato, uma bolsa, uma roupa elegante, etc.
Já o ciúme pode ser fruto de relacionamentos pessoais, como ex-cônjuge, ex-namorado(a), uma investida amorosa sem consentimento, amizades não correspondidas, etc.
Há também a condição com pessoas sem afinidade entre si, com animosidades passadas ou com simples antipatias gratuitas.
Os invejosos, os ciumentos ou os desafetos podem ter atitudes indesejadas contra o outro, como seria o caso de uma retaliação.
Retaliação envolvendo encargos no dia a dia da empresa
Há certas funções ou atribuições mais sensíveis para esse tipo de reação, em especial para quem se sente prejudicado (justa ou injustamente), por causa da atuação de outra pessoa. Por exemplo: auditores, investigadores, membros de Comitês de Ética, profissionais do Compliance, responsáveis por controles, entre outros.
Essas funções são passíveis de desagradar alguns. Imagine um desses profissionais identificando uma fraude, levantando uma suspeita sobre alguém de desvio de conduta, apontando uma tarefa mal executada, decidindo ou aplicando uma sanção disciplinar, adotando medidas impopulares, fazendo perguntas constrangedoras numa auditoria ou entrevista de investigação e, assim por diante.
Certo ou errado, não vem ao caso. É provável o envolvido ficar incomodado, desgostoso, irritado. Tudo depende do seu temperamento e caráter, podendo resultar num desejo de vingança, isto é, culminando numa retaliação.
Aliás, uma retaliação pode ser feita até para quem não fez nada, como ocorre com uma denúncia anônima, cuja autor é desconhecido, porém, o denunciado supõe ser originada de determinado colega (talvez o relato tenha vindo de outra pessoa). Contudo, isso não importa, se houver uma percepção errada e esse indivíduo tiver a índole de cometer uma retaliação, ela poderá aparecer.
Há também as testemunhas e os colaboradores nos processos de investigação. Às vezes, contar o que sabe, mesmo sendo tudo verdade, pode acarretar retaliações por parte de quem é citado.
Consequências da retaliação profissional
Quem sofre a retaliação profissional, por certo, perceberá seus efeitos na pele. Desestímulo, sensação de injustiça, raiva e desejo de revidar, são reações comuns do ser humano, diante de situações dessa natureza. Por óbvio, inadmissível concordar com esse tipo de atitude, embora haja uma real possibilidade de ocorrência no dia a dia.
Além disso, se houver uma retaliação continuada ou disseminada pela cultura da organização, haverá também um efeito danoso nas demais pessoas. Outros irão perceber e, bem provável, o sentimento será: “se ocorre com um, poderá ocorrer comigo”.
Essa sensação se propagará com facilidade, afetando o ambiente de trabalho, tornando-o tóxico, desagradável, perigoso… e todos sabemos: clima organizacional ruim trará prejuízos para a entidade, pois afetará negativamente o absenteísmo, a rotatividade dos funcionários, a motivação, a satisfação, a produtividade. Enfim, é um prejuízo indesejado por todos!!!!
Como a empresa deve se defender?
Nem sempre a retaliação é percebida de imediato. Em muitas ocasiões, ela é dissimulada, disfarçada, provocando danos da mesma forma.
Então, trabalhar na prevenção é o passo mais importante, com ações de sensibilização, comunicação e treinamento, para evitar que alguém cometa uma retaliação. Antes, porém, faz-se necessário estabelecer regras claras a serem seguidas por todos. Para isso, a elaboração do Código de Conduta e de políticas internas representam o primeiro passo.
Em seguida, é essencial a implementação de um Canal de Denúncias efetivo e o seu respectivo conjunto de sustentação (criação de processos de investigação; instauração de um colegiado para análise e decisão; processos que garantam a implementação das medidas propostas; etc.).
Assim, nos treinamentos e sensibilização, deve-se aproveitar a ocasião para trabalhar não somente a questão da prevenção, como mencionada acima, mas também o incentivo aos indivíduos reportarem seus conhecimentos ou suspeitas de retaliação de qualquer natureza nos canais apropriados.
Desse modo, a organização estará preparada para prevenir, detectar e remediar problemas relativos à retaliação.
No entanto, há ainda uma recomendação adicional e importante.
Como dito, nem sempre percebemos a retaliação profissional e nem sempre há relatos acerca da retaliação. Logo, são necessárias medidas adicionais por parte da empresa, a fim de prevenir ou identificar casos camuflados ou escondidos. Por exemplo: antecipar-se às medidas de RH, que podem se configurar em retaliação (transferências de profissionais para outras localidades; “job rotation”; demissão; etc.). Esse alerta vale em particular para monitorar profissionais mais sujeitos a esse tipo de vingança (tais como: auditores, investigadores, testemunhas, pessoal do Compliance, membros do Comitê de Ética).
Conclusão
A retaliação é uma ação hostil, decorrente de ciúme, inveja, raiva ou outra motivação, cujo objetivo é uma vingança.
Ela se manifesta de inúmeras formas, tanto na esfera pessoal quanto na profissional, podendo até se configurar como assédio moral ou discriminação.
No ambiente corporativo, a retaliação costuma ser dissimulada e a instituição deve tomar medidas preventivas para evitá-la, como a criação e disseminação do Código de Conduta e políticas internas, adoção de um Canal de Denúncias e processos de monitoramento, principalmente para funcionários mais sujeitos a esse tipo de mal (ex.: auditores, investigadores, pessoal do Compliance, membros do Comitê de Ética).
Deve-se encorajar os funcionários a usarem os canais pertinentes, se souberem ou suspeitarem de retaliação, pois ela causa prejuízos para todos, não apenas para quem a sofre. Comunicação e treinamentos regulares abordando essa matéria são práticas imprescindíveis.
A retaliação profissional causa perturbação no ambiente de trabalho, tornando o clima organizacional desfavorável, com reflexos negativos até na produtividade.
Portanto, combatê-la, além de ser uma medida ética e de integridade, torna-se uma ação estratégica, com efeitos diretos nos negócios.
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Retaliação profissional é uma resposta hostil, como vingança ou represália, a uma ação ou comportamento no ambiente de trabalho. Ela pode se manifestar de diversas formas, como atribuição de tarefas desproporcionalmente difíceis a um funcionário, comentários pejorativos, exclusão de atividades importantes, ou até sanções injustificadas. Essas ações visam prejudicar a carreira ou o bem-estar profissional da vítima.
As causas comuns de retaliação incluem inveja por destaque profissional, questões pessoais entre colegas, ou reações a ações de funcionários em posições de auditoria ou compliance. Para prevenir a retaliação, as empresas devem estabelecer um Código de Conduta claro, realizar comunicações e treinamentos regulares para sensibilizar sobre o tema, e implementar um Canal de Denúncias eficaz para permitir relatos seguros de tais comportamentos.
A retaliação profissional cria um ambiente de trabalho tóxico, afetando negativamente o clima organizacional, a motivação dos funcionários e, por consequência, a produtividade. Ignorá-la pode levar a problemas maiores, como assédio moral ou discriminação. Portanto, é crucial que as empresas adotem medidas estratégicas para combater a retaliação, garantindo um local de trabalho ético e íntegro, o que reflete positivamente em seus negócios.