Segurança Psicológica no Trabalho: como construir na sua empresa

Segurança Psicológica com Rossana
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Tempo de Leitura: 10 Minutos

Sentir-se à vontade para admitir um erro, fazer uma pergunta ou sugerir uma ideia sem medo de julgamento. Esse é o princípio da segurança psicológica no trabalho, uma condição essencial para manter equipes colaborativas e produtivas.

O Projeto Aristóteles verificou esse cenário na prática. Conduzido pelo Google entre 2012 e 2014 com mais de 180 equipes, o estudo revelou que a segurança psicológica é o principal fator de alto desempenho, acima até da competência individual.

A psicóloga líder da Ouvidoria da Contato Seguro, Rossana Heinze, teve a mesma percepção em seus 15 anos de experiência. “Equipes só alcançam excelência quando se sentem seguras para serem quem são e contribuírem com o que têm de melhor”.

No Brasil, o tema está presente nas normas trabalhistas: a nova NR-1 passou a reconhecer os riscos psicossociais dentro do GRO/PGR, em acordo com o que a NR-17 trata, organização do trabalho e ergonomia.

Com as novas portarias (MTE nº 1.419/2024 e nº 765/2025), as empresas têm até 25 de maio de 2026 para se adequar à NR-1 atualizada. Um período ideal para rever políticas internas e desenvolver cultura, processos e canais de escuta seguros para os trabalhadores.

A seguir, você vai entender o que é segurança psicológica, como ela se conecta às normas brasileiras e quais passos seguir para implantá-la de forma prática, com indicadores, planos de ação e o apoio de um Canal de Acolhimento que escuta com confidencialidade e responde com agilidade.

Continue a leitura e descubra como construir um ambiente de trabalho saudável!

O que é segurança psicológica no trabalho?

A segurança psicológica é o sentimento coletivo de que o ambiente de trabalho é um espaço onde todos podem falar com liberdade, fazer perguntas e assumir riscos interpessoais sem receio de punições, julgamentos ou constrangimentos.

O termo foi desenvolvido pela pesquisadora Amy Edmondson, de Harvard. Ela identificou que equipes com mais confiança e abertura se destacam por sua capacidade de aprender e resolver problemas de forma colaborativa.

Segundo Edmondson, dois comportamentos estão sempre presentes em equipes com alto nível de segurança psicológica:

  • Todos têm voz ativa, as pessoas participam das conversas e são ouvidas com respeito;
  • Há empatia nas interações, os membros do time se importam com o impacto de suas atitudes nos outros.

Hoje, o conceito de segurança psicológica desafia as lideranças a deixar de agir como quem tem todas as respostas e passar a estimular a curiosidade e o diálogo genuíno.

Perguntar, escutar e incluir são atitudes que tornam o trabalho mais humano e colaborativo.

Alguns comportamentos que demonstram segurança psicológica no trabalho são:

  • Fazer perguntas sem medo de parecer inexperiente;
  • Discordar de forma respeitosa e construtiva;
  • Reconhecer erros e aprender com eles;
  • Pedir ajuda quando necessário;
  • Demonstrar interesse pelo que o outro tem a dizer;
  • Criar espaço para conversas honestas e acolhedoras.

Por que a segurança psicológica é importante no ambiente de trabalho?

Um ambiente psicologicamente seguro potencializa o aprendizado, a inovação e o desempenho coletivo. Quando as pessoas sentem que podem se expressar livremente:

  • os times tendem a colaborar mais;
  • as tomadas de decisão são feitas com agilidade;
  • soluções mais criativas para os desafios do dia a dia.

Em seu estudo “Psychological Safety and Learning Behavior in Work Teams”, Edmondson analisou 51 equipes de uma empresa de manufatura e concluiu que a segurança psicológica era o principal fator que influenciava o comportamento de aprendizado dos grupos. Mais do que o contexto organizacional ou o estilo de liderança!

As equipes que se sentiam seguras para trocar ideias, questionar e pedir feedback apresentaram melhor desempenho e mais engajamento.

Ou seja, a segurança psicológica transforma o erro em oportunidade, o silêncio em diálogo e o medo em aprendizado.

Criar um ambiente seguro emocionalmente é uma escolha diária que começa pela escuta.

O Canal de Acolhimento da Contato Seguro é um espaço criado justamente para isso: acolher dúvidas, sentimentos e relatos com respeito, sigilo e empatia, ajudando as empresas a construir times mais colaborativos e relações de trabalho mais humanas.

4 aspectos da segurança psicológica no ambiente corporativo

A segurança psicológica se desenvolve por etapas, à medida que as pessoas passam a confiar umas nas outras e no ambiente em que trabalham. Ela pode ser observada em quatro dimensões principais, que mostram o nível de liberdade e pertencimento que o time alcança:

1) Segurança em se expressar

O colaborador sente que pode falar o que pensa, propor ideias ou discordar sem medo de retaliação. A comunicação aberta e o respeito às diferentes opiniões são a base dessa etapa.

2) Segurança em interagir

Surge quando há espaço para a troca de experiências, o debate de ideias e a construção coletiva de soluções. As pessoas aprendem a ouvir com atenção e a reconhecer o valor das contribuições alheias.

3) Segurança em aprender

Esse estágio é marcado pela liberdade de errar e tentar de novo. O foco deixa de ser a punição e passa a ser o aprendizado. As equipes aprendem com os erros, compartilham lições e se tornam mais criativas e colaborativas.

4) Segurança em pertencer

É o ponto em que todos se sentem parte do grupo e reconhecidos por quem são. Aqui, as pessoas não precisam “se adaptar” para serem aceitas. Elas podem agir com autenticidade e contribuir de acordo com seus valores e talentos.

A segurança psicológica não é o destino final, e sim um processo contínuo de construção coletiva. É sobre como a equipe funciona, não apenas sobre o que entrega.

Como resume Rossana Heinze, Psicóloga Líder da Ouvidoria da Contato Seguro:
“Segurança psicológica começa na coerência. É o que se constrói quando a fala da liderança se confirma na prática, quando há espaço para erro, mas também responsabilidade, quando o acolhimento não é confundido com permissividade”.

O que não é segurança psicológica

Falar sobre segurança psicológica ainda gera confusões, especialmente quando o conceito é reduzido a algo abstrato ou mal interpretado. Por isso, é sempre válido lembrar que segurança psicológica não é:

  • um traço de personalidade de pessoas “positivas” ou “comunicativas”;
  • não é sinônimo de confiança pessoal, e sim coletiva (“nós acreditamos que é seguro falar, errar e propor”);
  • baixar o nível de exigência ou eliminar responsabilidades.

“A segurança psicológica não é permissividade, não é ausência de conflito e não é sobre agradar a todos”, aponta Rossana. Um ambiente psicologicamente seguro continua tendo metas, regras e padrões de qualidade. O que muda é a forma de alcançá-los.

Como o tema se conecta a NR-1 e NR-17

A atualização da NR-1 inclui os riscos psicossociais no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) e vem formalizar algo que há muito tempo é evidente para quem trabalha com pessoas.

“O adoecimento emocional é um risco ocupacional real e a saúde mental precisa ser tratada como parte da gestão, não como um benefício”, diz Rossana, especialista em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS.

Na prática, a NR-1 atualizada pela Portaria MTE nº 1.419/2024 determina que assédio, sobrecarga de trabalho, conflitos e estresse sejam identificados, controlados e monitorados pelo PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos).

A NR-17, que trata da ergonomia, também ganha protagonismo. Os fatores psicossociais estão diretamente ligados à organização do trabalho, pausas, metas e carga mental.

O cuidado deve ir além da postura física diante de uma mesa, abrangendo a saúde emocional durante o expediente.

Até 25 de maio de 2026, as empresas estão em uma fase educativa para se adequar às novas exigências.

No dia a dia, isso significa ouvir os colaboradores, ajustar processos, oferecer apoio e registrar todas as ações nos documentos de segurança e saúde do trabalho.

GRO na NR-1: sistema que organiza prevenção e aprendizado

O Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) é o eixo central da NR-1, responsável por orientar todo o sistema de prevenção e melhoria contínua dentro das empresas.

Ele foi atualizado pela Portaria MTE nº 1.419/2024, que reformulou o capítulo 1.5 da norma, trazendo uma abordagem mais abrangente e incluindo os riscos psicossociais que afetam o bem-estar dos trabalhadores.

O funcionamento do GRO segue um ciclo contínuo de quatro etapas:

  • identificar riscos;
  • avaliar;
  • controlar;
  • monitorar.

Nessa estrutura, o Canal de Acolhimento atua como um facilitador, pois incentiva a participação ativa dos colaboradores na identificação de riscos e no relato de situações de assédio, metas abusivas ou conflitos.

PGR: documento vivo que materializa o GRO

O Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) é a tradução do GRO em um documento dinâmico, que reflete o que realmente acontece no ambiente de trabalho.

Ele reúne o inventário de riscos e o plano de ação, sendo atualizado sempre que houver mudanças nas condições de trabalho ou na percepção dos colaboradores.

O PGR pode registrar evidências concretas de segurança psicológica nas rotinas da empresa, como:

  • treinamentos de liderança sobre empatia e comunicação;
  • rotinas de feedback que incentivam diálogo aberto;
  • programas de mediação e escuta ativa;
  • ações de prevenção de assédio e promoção do respeito mútuo.

Sinais de ambientes com e sem segurança psicológica

A presença ou ausência de segurança psicológica pode ser percebida nos comportamentos e interações diárias no trabalho. Veja os sinais de um ambiente com segurança psicológica:

  • as pessoas fazem perguntas com frequência e expressam curiosidade;
  • há discordâncias respeitosas e troca de ideias;
  • colaboradores se sentem à vontade para pedir ajuda ou admitir erros;
  • os RCAs (Relatórios de Causa e Ação) buscam aprendizado, não culpados;
  • líderes valorizam o diálogo e praticam escuta ativa.

Para a psicóloga líder da Contato Seguro, o que mais enfraquece a segurança psicológica no trabalho são:

  • os silenciamentos sutis do dia a dia;
  • quando alguém tem a fala desqualificada;
  • quando dúvidas ou opiniões são tratadas como fraqueza;
  • quando o erro vira motivo de exposição.

Como promover a segurança psicológica

A segurança psicológica pode ser promovida por empregadores, líderes, colaboradores, em especial, pela equipe de RH ou Gente e Gestão da seguinte maneira:

  • Assumindo uma comunicação transparente;
  • Liderando pessoas com empatia;
  • Acolhendo perfis e experiências diversas;
  • Valorizando as contribuições de todos;
  • Manter-se atento à saúde mental dos colegas de trabalho.

O papel da liderança (comportamentos observáveis)

A liderança é o principal termômetro da segurança psicológica no trabalho. É a partir do comportamento dos líderes que os colaboradores entendem se é seguro falar, errar ou discordar.

Amy Edmondson, referência mundial no tema, propõe três atitudes que ajudam a transformar a cultura de uma equipe.

  • Enquadre o trabalho como um problema de aprendizagem: erros são oportunidades de aprendizado;
  • Reconheça sua própria falibilidade: um líder que admite não saber tudo ou que pode errar, abre espaço para que os outros se sintam à vontade para contribuir;
  • Demonstre curiosidade: o interesse genuíno pelas ideias e percepções do time cria um ambiente de confiança e pertencimento.

Confira a fala completa da pesquisadora no TEDxHGSE:

Ferramentas do dia a dia (como operacionalizar)

Promover segurança psicológica exige práticas visíveis e constantes. Conheça algumas ferramentas que ajudam a transformar o clima de confiança em rotina organizacional:

  • Check-ins rápidos de clima no início de reuniões;
  • Encontros “1:1” de segurança;
  • Revisões pós-incidente sem buscar culpados;
  • Acordos de equipe, como definição de regras para fala, tempo de contribuição e discordâncias respeitosas;
  • Feedback trimestral;
  • Guias para conversas difíceis;
  • Registros de evolução individual e coletiva;
  • Capacitação contínua sobre liderança, prevenção ao assédio e mediação de conflitos.

Esses hábitos diários dão sustentação à cultura de escuta, acolhimento e melhoria contínua prevista nas NR-1 e NR-17.

Direitos e deveres

A segurança psicológica também está ligada a direitos e responsabilidades previstos em normas trabalhistas e de saúde ocupacional.

Trabalhadores têm direito a:

  • acesso a informações sobre riscos psicossociais;
  • participação em ações preventivas;
  • exercer o direito de recusa diante de risco grave e iminente, sem sofrer retaliação.

As empresas devem:

  • identificar perigos e adotar medidas de controle;
  • promover treinamentos e acompanhamento contínuo;
  • registrar evidências no PGR e oferecer canais seguros de comunicação.

Documentação e registros que sustentam a prática

Para que a segurança psicológica seja reconhecida como parte da gestão de riscos, é necessário que as evidências estejam documentadas. Por exemplo:

  • inventário de riscos com fatores psicossociais identificados;
  • plano de ação com prazos e responsáveis;
  • registros de treinamentos, reuniões e comunicações internas;
  • relatórios de AEP (Análise Ergonômica Preliminar) ou AET (Análise Ergonômica do Trabalho), quando aplicável.

Canal de acolhimento: escuta segura e resposta rápida

O Canal de Acolhimento é uma das ferramentas mais eficazes para transformar relatos em prevenção. Ele atua como uma ponte entre o diagnóstico técnico e o aprendizado coletivo, alimentando o ciclo do GRO com dados reais, relatos espontâneos e percepções sobre o clima organizacional.

Para funcionar de forma confiável, o Canal deve garantir:

  • confidencialidade e possibilidade de anonimato;
  • triagem qualificada e tratamento humanizado;
  • prazos de retorno definidos;
  • integração com o PGR, sem exposição de dados sensíveis.

Com o suporte da Contato Seguro, sua empresa pode implementar um Canal de Acolhimento completo: com especialistas, tecnologia segura e processos que acolhem relatos e impulsionam melhorias reais.

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Indicadores e metas

Monitorar resultados é o que transforma a segurança psicológica em prática sustentável. Os indicadores escolhidos devem ajudar a medir avanços, engajamento e impacto na saúde mental do time.

Principais métricas recomendadas:

  • % de ações do PGR concluídas;
  • tempo médio de resposta a relatos;
  • taxa de participação em rituais de equipe;
  • incidência de retrabalho ou erros evitáveis;
  • absenteísmo;
  • rotatividade;
  • % de líderes e equipes treinados;
  • score de segurança psicológica em surveys curtos (baseado em Edmondson).

Plano de ação de 90 dias

Como vimos, a segurança psicológica é um método válido para alcançar o bem-estar geral, seja dos colaboradores, da organização ou dos seus parceiros.

É liderar com abertura, criar rotinas que estimulem o aprendizado e oferecer um Canal de Acolhimento pronto para uma escuta segura e retorno ágil.

Com as diretrizes da nova NR-1 e da NR-17, o PGR se torna mais vivo, conectando prevenção, aprendizado e cuidado genuíno com as pessoas.

Lembre-se: quando o trabalho é feito com base na escuta e na confiança, todos ganham. O clima organizacional melhora, os riscos ocupacionais diminuem e a empresa avança de forma mais humana e sustentável.

Continue acompanhando as dicas do blog da Contato Seguro e descubra como transformar o cuidado em resultados e conformidade legal.

Perguntas frequentes sobre segurança psicológica no trabalho

Segurança psicológica não vira ‘vale-tudo’?

Não. Segurança psicológica significa liberdade para falar com respeito, sem medo de punição. As decisões continuam baseadas em critérios técnicos e acordos de equipe.

Como medir a segurança psicológica no trabalho sem survey longo?

Rodas de conversa rápidas; Perguntas curtas em check-ins; Análise de relatos no Canal de Acolhimento da Contato Seguro; Observação de participação em reuniões; Feedbacks trimestrais sobre clima e confiança.

Onde a NR-1 menciona psicossociais e prazos?

No item 1.5.4.1.1, a NR-1 cita os fatores psicossociais como parte dos perigos ocupacionais. O prazo para revisar o GRO/PGR é até 25/05/2026. Após a data, as empresas estão suscetíveis a multas, autuações e processos legais.

Quando fazer AEP/AET na NR-17?

Quando forem identificados riscos ergonômicos ou psicossociais relevantes, ou após alterações no layout, processos, ritmo de trabalho ou indicadores de adoecimento físico e mental.

Como proteger quem denuncia no canal de acolhimento?

Com anonimato garantido, triagem sigilosa, prazos claros de resposta e gestão independente das áreas envolvidas. Por exemplo, o Canal de Acolhimento da Contato Seguro é sigiloso, empático e focado em soluções, não em punições.

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