O Setembro Amarelo chegou e, com ele, a oportunidade de abrir conversas mais profundas sobre saúde mental no trabalho e os caminhos que as empresas podem seguir para fortalecer o clima organizacional.
Este artigo vai mostrar como atitudes simples e consistentes podem impactar o bem-estar das pessoas, contribuir para a redução dos riscos psicossociais e preparar sua organização para os desafios trazidos pela NR-1.
Ao longo do texto, você encontrará reflexões e práticas que podem ser aplicadas já no dia a dia, transformando o mês de setembro em um marco de cuidado e gestão inteligente. Boa leitura!
O que é o Setembro Amarelo nas empresas?
O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização que tem como objetivo ampliar o debate sobre saúde mental e a importância do cuidado contínuo no dia a dia.
Ao longo do mês, empresas, instituições e a sociedade em geral são convidadas a refletir sobre práticas que favoreçam o bem-estar das pessoas, promovendo espaços mais humanos e acolhedores.
No contexto corporativo, essa iniciativa abre caminho para relacionar saúde mental às responsabilidades legais, como as previstas pela NR-1, mostrando que a promoção de ambientes saudáveis vai além de ações simbólicas e se conecta diretamente com a gestão de riscos psicossociais e a sustentabilidade organizacional.
Esse momento é a oportunidade perfeita para abrir o debate e trazer soluções que tornem os ambientes de trabalho cada vez mais seguros e humanos para as pessoas.
Setembro como ponto de partida estratégico para a NR-1
O Setembro Amarelo é um período essencial para despertar uma consciência coletiva sobre a saúde mental em todas as esferas, incluindo o trabalho. É o momento de envolver empresas e pessoas em uma atmosfera de cuidado que inspire práticas reais.
Isso significa valorizar atitudes simples, mas poderosas: estar presente, escutar com atenção genuína, abrir espaço para conversas honestas e reconhecer o impacto das emoções no dia a dia corporativo.
Esses gestos, quando transformados em ações organizadas, podem ser trabalhados em campanhas internas capazes de espalhar a mensagem do Setembro Amarelo de forma consistente e estratégica, fazendo da escuta a protagonista de todo o processo.
A atualização da NR-1 dá ainda mais força a essa pauta.
Ao trazer o combate aos riscos psicossociais como núcleo das novas exigências, a norma reforça que a saúde mental e a construção de ambientes seguros não são apenas escolhas humanas, mas também responsabilidades formais. Dessa forma, o Setembro Amarelo se conecta diretamente à gestão de riscos, mostrando que o cuidado cotidiano é também parte de uma estratégia de futuro para as organizações.
Para além das campanhas institucionais, este período pode e deve ser entendido como um marco estratégico para repensar práticas internas.
Confira um pouco mais sobre o que são os riscos psicossociais e como prevení-los no vídeo da série RH na Prática com a psicóloga, mentora e palestrante, Helena Brochado.
Uma atmosfera de cuidado pode, de fato, se transformar em gestão inteligente de riscos, e é justamente nesse ponto que o debate sobre saúde mental encontra o tema do clima organizacional, que veremos a seguir.
O papel do clima organizacional na saúde mental
Antes de entrar nas exigências formais da NR-1, é preciso destacar que nenhuma organização é sustentável sem um clima organizacional saudável.
Não se trata de um conceito abstrato: o clima é aquilo que os colaboradores vivem e sentem todos os dias, a forma como são tratados, o quanto são ouvidos, a liberdade que têm para se expressar, o reconhecimento que recebem ou não pelo trabalho realizado.
Um clima positivo não surge por acaso. Ele é fruto de escolhas consistentes: líderes que se comunicam de forma clara e respeitosa, processos que evitam sobrecarga, espaços de diálogo que não se resumem a discursos formais.
E, sobretudo, de ferramentas estruturadas que garantam segurança e confidencialidade quando algo precisa ser reportado, seja um caso de assédio, discriminação, fraude ou conflito interpessoal.
Ambientes tóxicos geram afastamentos, aumentam turnover e alimentam riscos jurídicos e financeiros. Já ambientes saudáveis ampliam engajamento, reduzem custos indiretos e fortalecem a reputação da empresa. É nesse ponto que a discussão sobre setembro e a NR-1 se destaca.
Setembro Amarelo e NR-1: pequenas práticas, grandes impactos
O Setembro Amarelo também é sobre perceber a força das pequenas práticas: no gesto de atenção, na presença genuína, na escuta que acolhe.
Quando inseridas no cotidiano, essas atitudes aparentemente simples tornam-se poderosas para transformar relações de trabalho e fortalecer a saúde mental coletiva. Alguns exemplos:
- Respeitar os limites de carga horária, de forma a preservar o equilíbrio da equipe e evitar pressões desnecessárias;
- Evitar a pressão exacerbada por metas inalcançáveis, que sobrecarregam emocionalmente e comprometem o bem-estar das pessoas;
- Promover relações baseadas no respeito, garantindo que a comunicação seja sempre cuidadosa e construtiva;
- Ter políticas claras contra assédio e discriminação, comunicadas de forma acessível e reforçadas na prática, não apenas em documentos internos;
- Reconhecer constantemente o esforço e as conquistas, não apenas em grandes marcos, mas nas entregas do dia a dia;
- Contar com ferramentas de escuta seguras e confidenciais, como Canais de Denúncias, Canais de Acolhimento ou outros tipos de Canais de Escuta que oferecem confiança real para que colaboradores possam relatar situações críticas.
Essas práticas além de gerarem pertencimento e confiança, são elementos fundamentais tanto para a saúde mental quanto para o cumprimento das novas exigências da NR-1. Afinal, o que a norma pede é, no fundo, o que as pessoas já esperam de um ambiente de trabalho justo e humano.
Quando há consistência, os colaboradores sentem o impacto positivo no clima organizacional e reconhecem que o tema da saúde mental está sendo tratado com seriedade e respeito.
Como a NR-1 amplia a responsabilidade das empresas
A atualização da NR-1 não deve ser vista como uma burocracia a mais, mas como um convite à maturidade empresarial.
Incorporar os riscos psicossociais ao GRO e ao PGR significa reconhecer que o trabalho não é feito apenas de processos físicos, mas também de relações humanas.
Isso exige mudanças em três níveis:
- Estratégico: incorporar saúde mental e clima organizacional nas pautas da liderança.
- Tático: revisar políticas internas, criar programas de prevenção, treinar líderes.
- Operacional: implementar ferramentas, canais e fluxos que deem suporte real às pessoas.
A conexão com o Setembro Amarelo é natural: ao invés de apenas refletir, a empresa pode aproveitar o mês para lançar programas, reforçar treinamentos, comunicar mudanças e mostrar que está alinhada à legislação.
Conclusão
O Setembro Amarelo pode ser mais do que um mês de campanhas simbólicas. Ele pode marcar o início de uma transformação prática e consistente dentro das organizações.
Ao investir em ações de cuidado, como fortalecer a escuta, promover relações respeitosas e implementar ferramentas seguras para acolher e registrar situações críticas, a empresa dá passos concretos para proteger a saúde mental das pessoas e melhorar o clima organizacional.
De quebra, essas mesmas iniciativas também contribuem diretamente para atender às exigências da NR-1, já que colocam em prática a prevenção dos riscos psicossociais de forma estruturada e estratégica.
Cuidar das pessoas e cumprir a legislação andam lado a lado. Aproveitar o Setembro Amarelo como ponto de partida é a oportunidade perfeita para mostrar que sua empresa não só reconhece a importância do tema, como age de maneira responsável e humana para construir ambientes de trabalho mais seguros, saudáveis e sustentáveis.
Vamos juntos nessa missão?