Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS(1), pode-se definir o conceito de “saúde” assim:
“A saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade.”
Podemos expandir esse conceito para abranger também a saúde mental — estar saudável psiquicamente não significa apenas não ter um transtorno ou um adoecimento significativo.
Um indivíduo que está psiquicamente saudável tem a seu dispor suas capacidades mentais (atenção, memória, percepção, raciocínio), que podem ser aplicadas de forma funcional em seus afazeres, sem que isso cause sobrecarga.
Além disso, o humor bem regulado, o equilíbrio emocional e a capacidade e desejo de enfrentar desafios condizentes com suas capacidades são marcadores importantes do bem-estar psíquico.
Fica explícito, assim, o quanto o sofrimento ou adoecimento mental gera um impacto negativo para o trabalho.
Nas empresas, um grande fator de risco para o sofrimento ou adoecimento mental é o assédio moral: só em 2021, foram levados à Justiça do Trabalho mais de 52 mil casos de assédio moral em todo o país(2).
Por ser uma questão tão prevalente, é importante entender quais são os impactos das situações de assédio na saúde mental dos colaboradores e, consequentemente, da empresa.
Como o assédio moral afeta a saúde mental
O assédio moral(3) é qualquer ação ou conduta abusiva e repetitiva, feita de maneira frequente e proposital, por meio de atos, gestos, palavras (faladas ou escritas), que diminui, constrange, humilha e degrada um indivíduo.
Essa forma de violência psicológica se manifesta por, dentre outros:
- humilhação;
- perseguição;
- isolamento;
- ridicularização;
- gritos
- ameaças
- discriminação;
- solicitação de tarefas urgentes de forma desnecessária;
- culpabilização excessiva do colaborador;
- imposição de condições (horário, instrumentos de trabalho, tarefas) impróprias;
- exclusão proposital do grupo, entre outros.
Na maior parte das vezes, a vítima de assédio moral se encontra numa posição de hierarquia inferior à do ofensor.
Isso explica por que esse tipo de violência tem consequências tão sérias para o ofendido — a pessoa será muito menos propensa a expor a questão por medo de perder o emprego, e sente-se continuamente desmoralizada, já que a situação aparenta não ter solução.
As consequências do assédio moral para a vítima não terminam aí: espera-se que alguém que esteja sob o ataque de violência psicológica também apresente:
- perda de criatividade e motivação;
- perda da capacidade de concentração;
- ansiedade e depressão;
- aumento do risco de apresentar transtornos e doenças;
- aumento do risco de se envolver num acidente de trabalho.
E, já que tudo que tem impacto sobre o colaborador também terá reflexos na empresa, esta não fica imune aos males do assédio.
Os impactos da saúde mental do trabalhador sobre a empresa são, de maneira geral:
- diminuição na produtividade;
- perda na qualidade do produto ou serviço;
- doenças, acidentes, afastamentos;
- maior rotatividade;
- prejuízos por processos e ações trabalhistas.
De 2019 para 2020, o número de afastamento do trabalho por questões de saúde mental aumentou em 26%(4), totalizando 576,6 mil pessoas.
Tudo indica, além disso, que as pessoas que acabam adoecendo mentalmente no trabalho não só passam por muito estresse, mas também acham que o estresse é normal na vida laboral, e têm medo de pedir uma folga para cuidar de sua saúde mental.
Por isso, o problema continua muito extenso e, sem uma abordagem sobre saúde mental nas empresas, ficará impossível reverter o quadro.
O combate ao assédio no ambiente de trabalho
Não à toa, em setembro de 2022 foi promulgada a Lei 14.457, que atualizou diversos ordenamentos quanto ao mundo do trabalho, com destaque à prevenção e combate a todo tipo de assédio nas organizações.
A CIPA, antes apenas “Comissão Interna de Prevenção de Acidentes”, agora tem na nomenclatura e como objetivo principal a prevenção do assédio, manifestando a equivalência deste tipo de violência aos outros tipos mais comumente identificados.
Agora, a prevenção do assédio é priorizada tanto quanto a de acidentes de trabalho, já que sua gravidade é também equivalente
Uma das grandes novidades dessa nova Lei é a obrigatoriedade do Canal de Denúncias em empresas que cumpram os requisitos para formar uma CIPA.
A ferramenta é comprovadamente o caminho mais eficiente para se identificar e combater irregularidades e más condutas nas organizações.
Como uma das principais preocupações dos colaboradores, ao ser vítima de assédio ou testemunhar um comportamento irregular é o medo de retaliação, ou de perda do emprego, o Canal de Denúncias externo vem com a garantia do anonimato.
Ter a segurança de poder relatar as possíveis ocorrências que esteja sofrendo, para o colaborador, é um ponto fundamental. Como já vimos, o medo é o principal silenciador nesses casos.
Para a empresa, conhecer as irregularidades é o único meio para tomar atitudes de prevenção e combate.
Aliás, uma pesquisa da ICTS Outsourcing com 213 empresas demonstrou que o assédio moral é justamente a ocorrência mais relatada em canais de denúncias.
A cultura de integridade, transparência e ética vem sendo mais fortemente estabelecida e reforçada, desde que o compliance passa a ser um objetivo e valorizado como parte da cultura organizacional.
Com a obrigatoriedade do Canal de Denúncias, isso tende a aumentar, e relatar atitudes indevidas e irregularidades passará a ser o novo normal.
Dessa forma, o assédio moral será cada vez menos tolerado e devidamente penalizado, tornando-se uma conduta menos prevalente.
As consequências são claras: colaboradores mais felizes, seguros, valorizados, e empresa produtiva, saudável e com ótima reputação.
Uma empresa íntegra cuida da saúde mental dos seus colaboradores e é intolerante com qualquer tipo de violência e assédio.
Por isso, para tirar suas dúvidas sobre o Canal de Denúncias e integrá-lo o quanto antes na sua estratégia, fale com nossos especialistas!
O conceito de saúde, conforme a Organização Mundial da Saúde, inclui bem-estar físico, mental e social. No ambiente de trabalho, a saúde mental é crucial e sua negligência, especialmente em casos de assédio moral, pode afetar negativamente o desempenho e bem-estar dos funcionários.
O assédio moral, caracterizado por comportamentos abusivos e repetitivos, leva a consequências graves como perda de motivação, ansiedade e depressão, afetando tanto as vítimas quanto a produtividade e ambiente corporativo. A legislação recente destaca a necessidade de prevenir e combater essa forma de violência no trabalho.
A Lei 14.457 estabeleceu a obrigatoriedade do Canal de Denúncias em empresas com CIPA, proporcionando um meio anônimo e seguro para que os colaboradores reportem casos de assédio ou outras irregularidades. Essa ferramenta contribui para a promoção de uma cultura organizacional mais ética e transparente, visando um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.
Fontes:
(1) https://tinyurl.com/y5jchyur
(2) https://www.trt13.jus.br/informe-se/noticias/em-2021-justica-do-trabalho-registrou-mais-de-52-mil-casos-de-assedio-moral-no-brasil
(3) https://bvsms.saude.gov.br/assedio-moral/
(4) https://persono.com.br/insights/saude-e-bem-estar/problemas-de-saude-mental-no-trabalho-aumentam-no-brasil