Esse é um problema real no ambiente de trabalho e pode estar especialmente presente durante as seleções. Então, combater a discriminação nos processos seletivos é um dever das organizações
A discriminação tem alvos comuns(1), principalmente nas pessoas mais vulneráveis a se tornarem vítimas, por conta de:
- Idade
- Deficiência
- Nacionalidade
- Origem socioeconômica
- Gênero/sexo
- Orientação sexual
- Gravidez/maternidade
- Raça/etnia
- Religião
Num processo seletivo, uma organização procura o colaborador que mais coincide com as competências e habilidades exigidas pelo cargo. Se a discriminação fizer parte desse processo, essa decisão será afetada e, além de uma violação à lei, a empresa estará perdendo um potencial talento para seu time.
O preconceito e a discriminação ainda fazem parte do conjunto de crenças e atitudes em nossa sociedade. Por isso, é preciso evitá-los através de providências — entender o problema é o primeiro passo.
Neste artigo, vamos discutir como as empresas podem combater a discriminação nos processos seletivos e construir uma equipe mais inclusiva.
Discriminação em processos seletivos: o que é
De forma geral, a lei proíbe(2):
“(…) qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, entre outros (…).
Desconsidera-se, para esses efeitos, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990), evidentemente.
Sendo assim, algumas características individuais não devem ser levadas em conta nos processos seletivos, ou seja, não devem fazer parte das exigências ou preferências na decisão de escolher o melhor talento.
E isso vale para todo o processo: anúncio de vaga (recrutamento/atração) e avaliação ou escolha (seleção).
Portanto, nenhuma exigência e preferência que façam referência à raça, orientação sexual, idade, etc., deve ser disposta como requisito para a vaga, excetuando-se, como já indicamos, casos específicos e devidamente justificáveis, que não incorrerão em discriminação.
Da mesma maneira, os profissionais responsáveis pelos processos de testagem, entrevistas e outras técnicas de seleção devem estar cientes do problema e devem ser treinados para não permitirem que a escolha seja marcada pela discriminação.
Na seleção, a discriminação ocorrerá se, pela presença de determinada característica em um candidato, o profissional:
- torne-se menos inclinado a escolhê-lo;
- exclua-o da seleção definitivamente; ou
- dê primazia a outro candidato que mais lhe convém por uma preferência pessoal/arbitrária e por preconceito.
Por isso, alguns cuidados são necessários quando se estrutura um processo seletivo, como veremos a seguir.
Cuidados nos processo seletivos: combatendo a discriminação
Um processo de seleção justo considerará as competências e habilidades requeridas pela vaga para a avaliação dos candidatos e a discriminação pode estar presente em todas as etapas da seleção.
Para tornar as oportunidades mais igualitárias, o recrutador deve atentar-se à linguagem utilizada nos anúncios de vagas, aos locais onde as vagas são anunciadas, aos critérios de seleção, ao treinamento dos entrevistadores(3), enfim, a todos os detalhes que permitam que o processo seja divulgado amplamente e administrado com justiça.
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4 dicas para combater a discriminação
Aqui vão algumas dicas para o empregador que deseja tornar seus processos de seleção mais conscientes e justos:
- Torne a igualdade de oportunidades um ideal: antes de tudo, entenda que a discriminação é uma violação de direitos e torne o ideal da igualdade de oportunidades um valor em sua organização. Eliminar tendências desse tipo deve ser um objetivo constante de uma empresa ética. Procure valorizar e incentivar a igualdade de oportunidades e ganhe os benefícios dessa postura.
- Treinamento e conscientização: os profissionais de recrutamento e seleção devem ser conscientizados sobre os prejuízos das atitudes discriminatórias para as vítimas e para a organização. Treinamentos sobre desigualdade, comunicação abrangente e inclusiva, igualdade de oportunidades, exclusão de viés, entre outros, são muito bem-vindos.
- Ferramentas de triagem/recrutamento às cegas: com o grande crescimento dos processos seletivos on-line, hoje existem ferramentas para triagem e recrutamento que evitam escolhas discriminatórias. O recrutamento às cegas(4), por exemplo, é um método que avalia o candidato sem o conhecimento de suas características pessoais. Essa é uma forma acessível e eficiente para evitar que o olhar do recrutador atrapalhe a seleção justa.
- Recolha feedback dos candidatos: empresas estão constantemente contratando. Adapte as formas de recrutamento e seleção e, terminado o processo, peça para que os candidatos expressem seus pensamentos e sentimentos quanto à seleção. Permita o anonimato e avalie se o seu processo ainda peca nos requisitos necessários para uma seleção justa.
Conclusão
Os processos seletivos podem ser discriminatórios. A presença de profissionais despreparados nas diversas etapas do recrutamento e seleção contribuem para que a discriminação esteja presente.
Discriminar durante a seleção de um candidato é negar a igualdade de oportunidades, permitir uma violação de direitos humanos e arriscar perder talentos de grande valor.
Uma organização ética deve empreender processos de seleção mais inclusivos, tornando a linguagem de anúncio mais abrangente, ampliando a variedade e o alcance das oportunidades, atendo-se a competências e habilidades essenciais para o cargo e capacitando profissionais para não efetuarem escolhas enviesadas.
Para tornar os processos seletivos mais justos, a organização deve ter a igualdade de oportunidades como um ideal, conscientizar e treinar os colaboradores responsáveis, utilizar ferramentas e métodos de seleção que evitem a escolha discriminatória e recolher feedback de candidatos a fim de trazer insights para melhorias.
Um processo de seleção sem discriminação agrega valor à sociedade, aos indivíduos e colaboradores e à própria organização.
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A discriminação em processos seletivos pode ocorrer de várias maneiras, como o uso de linguagem discriminatória nos anúncios de vagas, pagamento desigual para funções semelhantes, disciplina seletiva e falta de acessibilidade. Também inclui a seleção ou exclusão de candidatos com base em critérios não relacionados à competência para o cargo, como idade, deficiência, nacionalidade, gênero, orientação sexual, raça ou religião.
Para combater a discriminação, é importante adotar práticas como: promover a igualdade de oportunidades como um valor da organização, realizar treinamentos e conscientização para profissionais de recrutamento e seleção, utilizar ferramentas de triagem/recrutamento às cegas para evitar escolhas discriminatórias, e recolher feedback dos candidatos para melhorar continuamente os processos de seleção.
A discriminação nos processos seletivos pode ter impactos negativos significativos nas organizações, incluindo a violação de direitos humanos, a perda de talentos valiosos e a criação de um clima organizacional tóxico. Além disso, práticas discriminatórias podem levar a sanções legais e danos à reputação da empresa. Promover a igualdade e a inclusão nos processos seletivos beneficia tanto os indivíduos quanto a organização, resultando em um ambiente de trabalho mais diversificado, criativo e produtivo.
Fontes:
(1) https://tinyurl.com/2e4md3n6
(2) https://tinyurl.com/26aux2b2
(3) https://tinyurl.com/37zcu4cw
(4) https://tinyurl.com/2cjnwtrw