A atualização da NR-1, com vigência prevista para 26 de maio de 2025, é mais um sinal da urgência de olhar com mais atenção para os riscos psicossociais no ambiente de trabalho.
Entender o que eles são e como se manifestam deve ser prioridade para as empresas se manterem em conformidade com a legislação trabalhista e, principalmente, cuidarem da saúde mental de seus times.
No artigo de hoje, você vai entender o conceito de riscos psicossociais, como eles afetam diferentes setores da empresa, o que dizem as normas e o que pode ser feito, na prática, para prevenir seus impactos.
Continue a leitura e veja como agir agora pode fazer toda a diferença!
O que é Risco Psicossocial?
O risco psicossocial é o conjunto de fatores relacionados à organização do trabalho, às relações interpessoais e à gestão que afetam a saúde mental, o bem-estar e o desempenho dos trabalhadores.
Eles podem surgir de uma carga de trabalho excessiva, relações conflituosas, falta de clareza nas funções, insegurança no emprego, entre outros contextos que geram estresse prolongado ou adoecimento emocional no colaborador.
Por que falar sobre riscos psicossociais agora?
Com a NR-1 atualizada entrando em vigor em maio de 2025, as empresas que assinam a carteira de seus colaboradores precisam se preparar para cumprir as novas exigências legais, como a identificação, avaliação e controle de riscos psicossociais no ambiente de trabalho.
“A contagem regressiva já começou e entender esses riscos é o primeiro passo para agir com responsabilidade e em conformidade com a norma”, destaca Wagner Giovanini, diretor de compliance da Contato Seguro, maior empresa de Canais de Denúncias no país.
Quais são os Riscos Psicossociais?
- Assédio moral e sexual
- Sobrecarga de trabalho e estresse ocupacional
- Falta de apoio da liderança ou dos colegas
- Conflitos interpessoais frequentes
- Ambiente competitivo em excesso
- Insegurança em relação ao emprego
- Falta de autonomia nas funções
- Falta de clareza sobre tarefas e responsabilidades
- Violência verbal, física ou psicológica no ambiente de trabalho
Cenário atual e a crescente preocupação com a saúde mental
A saúde mental ganhou destaque nas discussões sobre qualidade de vida e segurança no trabalho, e não é por acaso!
De acordo com o relatório global do World Mental Health Day 2024, a preocupação com questões emocionais já é considerada o maior problema de saúde no mundo por 45% das pessoas entrevistadas. No Brasil, esse índice chegou a 54%, o maior da série histórica.
A pandemia de COVID-19 acentuou problemas como depressão, ansiedade e burnout, principalmente entre mulheres da geração Z, grupo mais impactado pelos efeitos da sobrecarga e da insegurança no trabalho.
Além disso, o Brasil enfrenta um dos maiores números de afastamentos por doenças emocionais em uma década, segundo dados do Ministério da Previdência Social.
Com um mercado de trabalho cada vez mais competitivo e instável, a exposição a riscos psicossociais se tornou uma realidade urgente nas organizações.
Diante desse cenário, a Norma Regulamentadora 1 atualizada aponta para a importância de reconhecer e lidar com esses riscos com seriedade, implementando medidas que priorizem o bem-estar e a saúde emocional dos colaboradores.
Quais setores de uma empresa são mais suscetíveis aos Riscos Psicossociais?
Os riscos psicossociais não se limitam a um único tipo de negócio, mas alguns setores apresentam maior vulnerabilidade por conta dos fatores estressores presentes na rotina. A seguir, veja quais áreas costumam demandar atenção redobrada:
Varejo
De acordo com dados da Alper Seguros, 31% dos trabalhadores do setor estão sob alto risco psicossocial, com indícios de sofrimento intenso e até ideações suicidas. A pressão constante, metas exigentes e a exposição ao público contribuem para esse cenário.
Atendimento ao cliente
Profissionais que lidam com reclamações e demandas constantes enfrentam sobrecarga emocional, metas inatingíveis e pouca margem para pausas, o que favorece o esgotamento mental.
Setor financeiro
Ambientes com metas agressivas, prazos curtos e risco de impacto financeiro aumentam a tensão diária. A exigência por resultados constantes é um fator que pode agravar o estresse.
Área da saúde
Médicos, enfermeiros e outros profissionais da linha de frente estão sujeitos a decisões críticas, plantões longos e responsabilidade sobre a vida de outras pessoas, o que intensifica a pressão e os impactos psicológicos.
Indústrias
Carga horária elevada, ritmo acelerado de produção e pouca autonomia sobre as tarefas são fatores comuns nesse setor e aumentam o risco de adoecimento emocional.
Como os Risco Psicossociais afetam sua empresa?
Efeitos na saúde mental dos colaboradores
Quando os riscos psicossociais não são reconhecidos e tratados, os impactos na saúde mental das equipes são inevitáveis.
Situações como assédio, sobrecarga de trabalho, conflitos frequentes ou insegurança no emprego geram estresse constante, ansiedade e sintomas depressivos.
Com o tempo, esses sinais podem evoluir para quadros graves, como a síndrome de burnout.
Como a cultura organizacional é afetada
A exposição contínua a um ambiente com alto risco psicossocial desestrutura a cultura interna da empresa. A motivação dá lugar ao medo, ao desânimo e à desconfiança entre colegas e lideranças.
Isso contribui para o aumento do número de profissionais pedindo desligamento, o absenteísmo se torna frequente, gerando sobrecarga para quem permanece e sustenta um ciclo de conflitos internos.
A perda da coesão entre as equipes compromete o trabalho colaborativo, dificultando o alcance de metas.
Perdas financeiras e de reputação: o custo real para a empresa
Desconhecer os riscos psicossociais é uma falha ética que pode custar caro. Empresas que não se adaptarem à Norma regulamentadora 1 atualizada até o dia 25 de maio de 2025 estarão sujeitas a multas e penalidades administrativas, além de riscos jurídicos.
A interdição de atividades ou processos trabalhistas com pedidos de indenização podem gerar custos elevados com assistência médica e ações judiciais.
Além das implicações legais, os danos à imagem da marca são difíceis de reverter. Um ambiente de trabalho tóxico pode ser exposto por ex-funcionários em redes sociais ou impactar negativamente avaliações em sites de reputação corporativa.
Consequentemente, afasta talentos, dificulta parcerias e compromete a confiança de clientes, fornecedores e investidores.
Empresas negligentes também correm o risco de perder certificações de qualidade e segurança, o que pode inviabilizar a participação em licitações públicas e projetos estratégicos.
Panorama legal e normativo
O debate sobre os riscos psicossociais nas empresas não se limita mais ao campo da saúde. Ele está oficialmente regulamentado com a NR-1 atualizada e outras normas nacionais e internacionais que abordam o tema.
A seguir, explicamos o que mudou e por que sua empresa precisa se adequar!
Atualização da NR-1: o que mudou na gestão de riscos ocupacionais
Com vigência prevista para 26 de maio de 2025, a Norma Regulamentadora 1 atualizada passou a incluir explicitamente os riscos psicossociais no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) e no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
Isso significa que fatores como assédio, sobrecarga, insegurança no emprego, entre outros, devem ser identificados, avaliados e prevenidos da mesma forma que os riscos físicos, químicos ou biológicos.
A nova redação reforça a responsabilidade das empresas em mapear esses fatores e garantir que suas equipes estejam protegidas de situações que afetam diretamente a saúde emocional.
Além disso, exige que a avaliação de risco leve em conta tanto as exigências da atividade de trabalho quanto a eficácia das ações preventivas. Ou seja, é hora de rever processos, políticas internas e práticas de gestão com mais atenção ao bem-estar.
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Lei 14.831/2024: obrigações e possíveis sanções para as empresas
A Lei 14.831/2024 criou o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental, um reconhecimento oficial às organizações que adotam práticas eficazes de cuidado com a saúde mental dos seus trabalhadores.
Para obtê-lo, é necessário atender a critérios claros:
As organizações que investem nesse tipo de gestão conseguem reduzir os riscos psicossociais, assim como demonstram seu compromisso público com a segurança emocional no trabalho — fator que impacta diretamente sua imagem, competitividade e retenção de talentos.
ISO 45003:2021: diretrizes globais para saúde e segurança psicológica
A ISO 45003:2021 é a primeira norma internacional dedicada à gestão de riscos psicossociais no ambiente de trabalho. Integrada ao sistema da ISO 45001, essa norma destaca exemplos de como cultivar ambientes organizacionais mais seguros, colaborativos e produtivos.
Sua adoção ajuda empresas a prevenir danos à saúde mental e melhorar os índices de afastamento. Quer entender como aplicar essas diretrizes na prática? Acesse o artigo completo sobre a ISO 45003:2021 aqui no blog da Contato Seguro.
Principais fatores que caracterizam Riscos Psicossociais
Enquanto os riscos psicossociais dizem respeito aos danos à saúde mental e emocional dos trabalhadores, os fatores de risco psicossociais são os gatilhos organizacionais que aumentam a chance desses danos ocorrerem.
Eles antecedem o problema e, por isso, devem ser reconhecidos com atenção no dia a dia corporativo. Veja quais são os fatores mais comuns e perigosos dentro das empresas:
Pressão por metas, sobrecarga de trabalho e gestão do tempo
A exigência constante por resultados somada à sobrecarga de tarefas e à má gestão do tempo torna o ambiente propício ao esgotamento físico e emocional dos profissionais.
Assédio moral e sexual
Ambientes que toleram comportamentos abusivos e discriminatórios favorecem o surgimento de assédio moral e sexual, que são fatores psicossociais de alto impacto.
Falta de clareza de papéis e insegurança no emprego
Quando as responsabilidades não estão bem definidas, ou há mudanças constantes nas funções sem uma comunicação adequada, o trabalhador pode se sentir desorientado e ansioso.
Comunicação interna ineficaz e liderança tóxica
A ausência de canais eficientes para escutar os colaboradores e a presença de líderes autoritários, que não promovem o diálogo ou o reconhecimento, contribuem para a perda de engajamento e o aumento da rotatividade.
Efeitos de uma liderança não preparada na equipe
A forma como os líderes conduzem suas equipes influencia diretamente a saúde emocional das pessoas e a sustentabilidade do negócio. Se a liderança não for preparada para lidar com riscos psicossociais, as consequências aparecem em forma de:
- Absenteísmo;
- Clima hostil;
- Queda de desempenho; e
- Adoecimento coletivo.
Cabe à liderança entender que a cultura da confiança é um “EPI emocional”. Assim como o capacete ou o cinto de segurança, ela protege o colaborador das pressões do dia a dia, dá segurança para errar, pedir ajuda e inovar.
O líder que ignora isso adoece a equipe e a performance da organização. Já aquele que compreende esse papel, escutando com empatia, consegue atuar de forma preventiva.
Para apoiar esse processo de conscientização, criamos uma tabela de autoavaliação.
Ela pode ser usada por qualquer gestor ou gestora como um ponto de partida para identificar onde estão os pontos de atenção no cuidado com a equipe e na adequação à Norma Regulamentadora 1 atualizada. Confira:
| Modelo de autoavaliação para gestores: os promotores da saúde mental no trabalho |
| Responda com: Sim / Não / Preciso melhorar |
| – Eu sei quais são os fatores psicossociais que afetam minha equipe? – Minha equipe se sente segura para falar quando algo está errado? – Eu reconheço e acolho os sentimentos dos meus liderados? – Tenho promovido um ambiente onde a confiança é construída no dia a dia? – Consigo identificar sinais de esgotamento, isolamento ou queda de motivação? – A minha comunicação é clara, respeitosa e aberta ao diálogo? – Eu me atualizei sobre o que a NR-1 exige da liderança? – Já revisei a carga de trabalho e as metas da minha equipe nos últimos meses? – Recebo feedback da equipe sobre o meu estilo de liderança? – Já promovi conversas individuais para entender como cada pessoa está? |
A avaliação pessoal não tem como objetivo julgar, mas sim estimular o cuidado e a escuta ativa, pois eles são fundamentos de qualquer cultura organizacional saudável e em conformidade com as novas exigências legais.
O que fazer para criar um ambiente adequado em sua empresa?
Com a atualização da Norma Regulamentadora 1, as empresas precisam adotar uma postura mais estratégica e preventiva frente aos riscos psicossociais.
Lembre-se: criar um espaço emocionalmente saudável também significa evitar passivos legais e financeiros, manter a produtividade e, acima de tudo, respeitar as pessoas.
Políticas de RH voltadas à saúde mental e bem-estar
A primeira etapa para mitigar riscos psicossociais é reconhecer que o cuidado com a saúde mental não pode ser tratado como benefício opcional.
Criar políticas claras e acessíveis de acolhimento, programas de apoio emocional, flexibilização de jornada em casos específicos e acesso a atendimentos especializados são exemplos de ações que valorizam o trabalhador e agregam valor à cultura da empresa.
As políticas também devem ser constantemente revisadas, com escuta ativa dos colaboradores para garantir que reflitam as necessidades reais de quem vive o dia a dia da operação.
Programas de treinamento e capacitação de lideranças
Treinamentos regulares sobre escuta empática, gestão humanizada e identificação precoce de sinais de sofrimento emocional são medidas que ajudam a evitar o agravamento de situações silenciosas, como o burnout e os conflitos interpessoais.
Além disso, quanto mais capacitada for a liderança, mais chances a empresa tem de construir relações baseadas na boa-fé, confiança e respeito.
Estratégias de prevenção e gestão de riscos psicossociais
Para atender à Norma Regulamentadora 1 atualizada, é necessário que os riscos psicossociais estejam mapeados e controlados dentro do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
Isso envolve a realização de avaliações periódicas sobre o clima organizacional, aplicação de ferramentas que identifiquem fatores de risco psicossociais e definição de medidas corretivas em caso de situações críticas.
Outro passo importante é oferecer canais de comunicação abertos, sigilosos e confiáveis, para que os colaboradores possam relatar situações de assédio, sobrecarga ou insegurança emocional.
No próximo tópico, falaremos sobre como a plataforma Canal de Denúncias pode ser uma grande aliada nesse processo!
Canal de Denúncia como ferramenta de combate aos riscos psicossociais
A NR-1 atualizada trouxe um alerta importante para as empresas: uma abordagem integrada de gestão deve combinar prevenção, monitoramento e escuta ativa dos colaboradores.
Um recurso estratégico para isso é o Canal de Denúncias, que contribui diretamente para o mapeamento e a redução de riscos ocupacionais ligados à saúde emocional.
Quando terceirizado e operado por uma empresa especializada, como o Canal de Denúncias da Contato Seguro, é possível oferecer sigilo, acolhimento e imparcialidade — três pontos fundamentais para que os colaboradores se sintam seguros ao relatar situações como assédio, sobrecarga, discriminação ou falhas de gestão.
Para tornar esse recurso ainda mais eficaz, vale adotar boas práticas que integrem o Canal à cultura de Compliance da empresa. Aqui vão três sugestões:
- Comunique com clareza para que todos saibam como, quando e por que usar o Canal. Evite jargões e destaque que ele também aceita sugestões e dúvidas.
- Capacite as lideranças e o time sobre a importância do Canal de Denúncias e como ele contribui para ambientes mais seguros.
- Atue com transparência e agilidade sempre que possível.
A escuta estruturada, feita com dedicação e respeito, é um caminho decisivo para descomplicar as relações no ambiente de trabalho e proteger a saúde mental de todos.
Conclusão: por que sua empresa deve agir agora?
Sua empresa deve agir agora, pois os riscos psicossociais deixaram de ser um alerta silencioso. Eles já impactam diretamente a saúde, o desempenho e a permanência das pessoas no trabalho.
A NR-1 atualizada exige que esse cuidado esteja previsto em programas estruturados, mas o que realmente sustenta mudanças consistentes é a escuta ativa e o acolhimento.
É aqui que um Canal de Denúncias terceirizado e humanizado faz toda a diferença!
Ao longo do artigo, pudemos entender os prejuízos causados por lideranças despreparadas para integrar prevenção e bem-estar às estratégias da organização.
A Contato Seguro pode apoiar esse processo com experiência de mais de 15 anos, sensibilidade de uma equipe especializada e tecnologia de ponta. Agende uma conversa com nosso time!
